quarta-feira, 3 de abril de 2024

MORRE VITOR TRUCCO, O PENÚLTIMO INTEGRANTE DA BANDA THE BRAZILIAN BITLES, DOS ANOS 1960

AVESSO A ENTREVISTAS E ESQUECIDO PELA GRANDE MÍDIA, O MÚSICO NÃO TINHA NENHUMA GRAVAÇÃO INEDITA E SEQUER ATUAVA EM BANDA REMANESCENTE.
Na foto, Vitor é o o segundo da esquerda para a direita, em primeiro plano, no auge da fama.
Nascido em 3 de maio de 1948, no Rio de Janeiro, com relativa pinta de Paul MacCartney, participou da jovem guarda, em meados da década de 1960, como baixista da banda carioca (chamada de conjunto) The Brazilian Bitles, que se apresentava em clubes e programas de rádio e televisão. Na época não existia interesse ou recursos das emissoras de preservar imagens das performances dos artistas e bandas. Não fosse o cinema, jamais haveria algum registro da banda tocando, como foi o caso dos longa-metragens "Rio, Verão e Amor", "007 e Meio no Carnaval" e "Na Onda do Iê-Iê-Iê", ambos lançados em 1966. No ano seguinte, no filme "Adoráveis Trapalhões". Apesar da estética beatle, os primeiros sucessos foram versões em português de músicas dos The Rolling Stones ("Satisfaction"/ "Não Tem Jeito") e dos The Troggs ("Wild Thing" / "Gata"). The Brazilian chegou a regravar uma releitura de uma música do cantor Albert Pavão ("O Filhinho do Papai"), por volta de 1966. Nem tudo era rebeldia ingênua, pois a banda também lançou "Tema Baseado na Coisa", que fazia referências a canabis sativa, em pleno agosto de 1968, época do regime militar. Tinha no repertório canções originais escritas por Fábio Block, tais como "Vem, meu Amor", "O Papagaio", "Rainha dos Meus Sonhos", "Louco de Amor", entre outras.
Durante a toda a trajetoria, The Brazilian Bitles gravou álbuns e compactos, boa parte fazendo sucesso em todo o Brasil, porém sem nenhuma oportunidade no exterior. Com o fim da jovem guarda, a carreira de Vitor, ainda jovem, foi interrompida, necessitando se adaptar aos novos tempos. Bandas dos anos 1970, com um instrumental mais acelerado ou progressivo, como Made in Brazil, O Terço, Bixo da Seda, Casa das Máquinas, Barca do Sol, Veludo, A Bolha, Vímana, fizeram a The Brazilian Bitles virar nostalgia em bailinhos de domingo à tarde destinado a saudosistas. Logo, com o o chamado Rock Brasil Anos 1980 ficou difícil qualquer gravadora investir em "conjuntos" dos tempos da jovem guarda que não tivesse uma ligação mais direta com Roberto Carlos & Cia. Nem em 1995, com a comemoração dos 30 Anos do movimento, surgiu alguma chance de ser gravado um novo álbum do The Brazilian Bitles. A única exceção à regra foi a banda Renato seus Blue Caps, uma das mais duradouras da história (continua existindo mesmo após a morte do Renato). Em 2007, sósias dos músicos do Brazilian figuraram (entre uma beirada e outra dos enquadramentos de câmera) no início do filme "A Grande Família", lançado pela Globo Filmes. Vitor deixou o mundo físico em 27 de março do ano corrente e foi lembrado apenas (infelizmente) pelos fãs e seguidores das redes sociais. A causa da morte não foi divulgada pela família.
TEXTO: Emerson Links.