Texto: Emerson Links.
Nascido em 26 de abril de 1947, em Porto Alegre, participou da corrente revolucionária do rock dos anos 1960 e 1970, como músico-participante de bandas que se tornaram lendárias como o Liverpool e o Bixo da Seda. Isso sem falar na fase da beatlemania em Porto Alegre, tempos em que se apresentava na TV com o grupo Som 4. O apresentador Glênio Reis, de um programa de jovem guarda portoalegrense dizia: "Fechando os olhos, o Som 4 são os próprios Beatles". Exagero ou não, Claudio tratou de desenvolver sua marca pessoal como músico, desligando-se um tanto das influências internacionais antes adquiridas em grupos como Os Satânicos. No final dos anos 1960, o tropicalismo inovou a MPB, graças as guitarras elétricas. Daí, participou de grupos célebres como o Succo (de curta duração), o Liverpool (que gravou um álbum de lançamento nacional) e posteriormente o Bixo da Seda (idem). Outras tiveram menor impacto sobre sua carreira como Eureka e Saudade Instantânea. Entretanto, sua maior pérola ainda é o rock "Dona Yeda", que não participou de nenhum dos bolachões, mas que seria tocada inclusive por músicos de outras gerações como Egisto Dal Santo, da banda Histórias do Rock Gaúcho. Para espanto geral, até uma banda com o nome de Dona Yeda emergiu do underground gaúcho na década de 2000, tamanha a influência do artista em foco.
Claudio Vera Cruz confessaria ao jornal Zero Hora: "Eu sou filhote do rock progressivo, mas sempre gostei de tudo. (...)". Flertar com tantas vertentes da música universal era tentador, mas a música regional se tornou seu traço mais forte. Não por acaso, Claudio Vera Cruz participou da "Paralelo 30", uma coletânea de artistas gaúchos lançada em 1978, que alterou o rumo da música urbana de seu tempo. Claudio participou de duas faixas do vinil, "Sem Rei" e "Ruínas de Um Sonho". Eram os anos de chumbo e nem sempre era possível encontrar liberdade através da música. Em "Paralelo 30", o curioso ouvinte descobre toda uma geração que se consagraria em matéria de público e crítica: Nelson Coelho de Castro, Bebeto Alves, Carlinhos Hartlieb, Raul Ellwanger, entre outros. Em tempos de ressaca hippie, início da discotheque, os shows de músicos solos ou bandas encontravam refúgio em festivais. Clubes não tinham interesses em nomes da MPB e bandas de rock que, nesses tempos, ainda eram chamadas de "conjuntos". A situação se refletia em todo o país, a falta de espaço para tocar, restando apenas os espaços alternativos. Ao menos, esses são os depoimentos que eu ouvi dos sobreviventes daquela época. Durante a entrevista de Claudio Vera Cruz concedida para a "Bíblia do Rock", em 2011, ficou transparente a necessidade do ilustre músico lançar um trabalho solo em CD.
Três anos depois, cá estamos nós. Eu, no caso, viajando para todos os lados, até alguém me contar que, em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, o Claudio Vera Cruz estava com um disco pronto e que de uma vez por todas finalmente seria lançado. Nenhum amigo meu foi tão meu amigo desta vez. Nem a internet via facebook. E de repente... Resolvi conferir de perto. Organizei o equipamento adequado para registro de vídeo em alta definição e, quebrando todos os protocolos, tratei de falar pessoalmente com o artista sem e-mail e nem nada. Afinal, eu já tinha feito sua biografia para o livro e longa-metragem em curso. Faltava agora eu registrá-lo em plena ação, ao vivo. Cerca de 18 horas do dia 28 de novembro de 2014, no Centro Cultural CEEE, no centro de Porto Alegre, enfrentando o rigoroso inverno gaúcho, cheguei no meio da passagem de som de Claudio Vera Cruz e sua banda. Na realidade, o "músico-atração" seria uma espécie de "3 em 1", oferecendo ao seu distinto público o seu popular violorquestra, instrumento que reúne baixo e violão. E foi exatamente isso que o público pode conferir quando o show iniciou pontualmente às 19 e 30. Claudio Vera Cruz acompanhado de mais dois músicos, o lendário Édinho Espíndola (percussão), das bandas Bixo da Seda e Robô Gigante, e New (teclados), transitou por todos os gêneros prometidos como blues, rock, country, folk e MPB. Foi um momento realmente histórico. O artista passeou por várias fases de sua carreira, mas acabou marcando mais pontos nas músicas do seu álbum de estreia, "Vagalume", financiado pelo FUMPROARTE. O público foi educado e morno, talvez pelo nível cultural musical e faixa etária pretendida. De pop rock, o que testemunhei foi uma performance elegante e sincera. Apesar de algumas belas composições de variados autores como Hermes Aquino, Bebeto Alves, Sérgio Napp. Luiz Coronel e Paulo Buffara, os saudosistas do rock ficaram sem ouvir "Dona Yeda". Mas... Afinal de contas, com tanta riqueza instrumental e vocal oferecida num show histórico como esse, o que isso importa?... O momento é de celebração!
Claudio Vera Cruz flutuando em poesia.
Claudio Vera Cruz e Édinho Espíndola, o baterista que nunca envelhece,
Claudio Vera Cruz e sua banda, em plano geral.
Capa do CD de lançamento.
Após o show, amigos como o renomado baterista Fabio Ly aparece para os cumprimentos. O também baterista Édinho Espíndola agradece.
Claudio Vera Cruz num bate-papo animado com Frank Jorge.
Claudio Vera Cruz confessaria ao jornal Zero Hora: "Eu sou filhote do rock progressivo, mas sempre gostei de tudo. (...)". Flertar com tantas vertentes da música universal era tentador, mas a música regional se tornou seu traço mais forte. Não por acaso, Claudio Vera Cruz participou da "Paralelo 30", uma coletânea de artistas gaúchos lançada em 1978, que alterou o rumo da música urbana de seu tempo. Claudio participou de duas faixas do vinil, "Sem Rei" e "Ruínas de Um Sonho". Eram os anos de chumbo e nem sempre era possível encontrar liberdade através da música. Em "Paralelo 30", o curioso ouvinte descobre toda uma geração que se consagraria em matéria de público e crítica: Nelson Coelho de Castro, Bebeto Alves, Carlinhos Hartlieb, Raul Ellwanger, entre outros. Em tempos de ressaca hippie, início da discotheque, os shows de músicos solos ou bandas encontravam refúgio em festivais. Clubes não tinham interesses em nomes da MPB e bandas de rock que, nesses tempos, ainda eram chamadas de "conjuntos". A situação se refletia em todo o país, a falta de espaço para tocar, restando apenas os espaços alternativos. Ao menos, esses são os depoimentos que eu ouvi dos sobreviventes daquela época. Durante a entrevista de Claudio Vera Cruz concedida para a "Bíblia do Rock", em 2011, ficou transparente a necessidade do ilustre músico lançar um trabalho solo em CD.
Três anos depois, cá estamos nós. Eu, no caso, viajando para todos os lados, até alguém me contar que, em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, o Claudio Vera Cruz estava com um disco pronto e que de uma vez por todas finalmente seria lançado. Nenhum amigo meu foi tão meu amigo desta vez. Nem a internet via facebook. E de repente... Resolvi conferir de perto. Organizei o equipamento adequado para registro de vídeo em alta definição e, quebrando todos os protocolos, tratei de falar pessoalmente com o artista sem e-mail e nem nada. Afinal, eu já tinha feito sua biografia para o livro e longa-metragem em curso. Faltava agora eu registrá-lo em plena ação, ao vivo. Cerca de 18 horas do dia 28 de novembro de 2014, no Centro Cultural CEEE, no centro de Porto Alegre, enfrentando o rigoroso inverno gaúcho, cheguei no meio da passagem de som de Claudio Vera Cruz e sua banda. Na realidade, o "músico-atração" seria uma espécie de "3 em 1", oferecendo ao seu distinto público o seu popular violorquestra, instrumento que reúne baixo e violão. E foi exatamente isso que o público pode conferir quando o show iniciou pontualmente às 19 e 30. Claudio Vera Cruz acompanhado de mais dois músicos, o lendário Édinho Espíndola (percussão), das bandas Bixo da Seda e Robô Gigante, e New (teclados), transitou por todos os gêneros prometidos como blues, rock, country, folk e MPB. Foi um momento realmente histórico. O artista passeou por várias fases de sua carreira, mas acabou marcando mais pontos nas músicas do seu álbum de estreia, "Vagalume", financiado pelo FUMPROARTE. O público foi educado e morno, talvez pelo nível cultural musical e faixa etária pretendida. De pop rock, o que testemunhei foi uma performance elegante e sincera. Apesar de algumas belas composições de variados autores como Hermes Aquino, Bebeto Alves, Sérgio Napp. Luiz Coronel e Paulo Buffara, os saudosistas do rock ficaram sem ouvir "Dona Yeda". Mas... Afinal de contas, com tanta riqueza instrumental e vocal oferecida num show histórico como esse, o que isso importa?... O momento é de celebração!
Claudio Vera Cruz flutuando em poesia.
Claudio Vera Cruz (à direita) e New (à esquerda).
Claudio Vera Cruz e Édinho Espíndola, o baterista que nunca envelhece,
Claudio Vera Cruz e sua banda, em plano geral.
Capa do CD de lançamento.
Após o show, amigos como o renomado baterista Fabio Ly aparece para os cumprimentos. O também baterista Édinho Espíndola agradece.
Claudio Vera Cruz num bate-papo animado com Frank Jorge.
Claudio Vera Cruz falando para a câmera.
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