Se existiram alguns Highlanders nos anos 1960, certamente Edison Della Monica foi um deles. Esse misto de músico-artista e "guerreiro", antes de ser um profissional de bandas de baile que se preocupava com a manutenção de um gênero que exigia habilidade máxima de um instrumentista, era um dos pioneiros do rock instrumental. Décadas se passaram, mas até hoje ele continua firme, na ativa, seja com a banda The Sparks, seja misturando-se com músicos da nova geração, tais como Dimmy Adriano, da Ready Teds. Entre os novos projetos, está a volta do The Jet Black's, em uma nova formação mais eletrizante do que nunca. Enfim, vamos acompanhar essa entrevista e ver o que ele tem a nos dizer.
O que o rock representa para você?
EDISON: Para mim especificamente representa ou representou
Na época uma mudança radical de vida.
O que o rock representou para a história da
sociedade, através dos tempos?
EDISON: O Rock and roll mudou completamente a história da humanidade em todos os seus segmentos, culturais,
Artísticos, financeiros, comerciais, modismo, etc.
A música conseguiu reunir todos os povos de uma maneira geral em torno de um objetivo. O rock and roll
Quando, onde e como você ouviu rock and
roll pela primeira vez?
EDISON: Nos anos 1957/1958 – eu ouvia programas de rádios
Paradas de sucesso da época aos domingos e fui me adaptando ao estilo, curtindo Paul Anka, Neil Sedaka,
Elvis Presley, Ray Charles e outros.
Quais foram suas influências nacionais no
que diz respeito a intérpretes e bandas?
EDISON: Carlos Gonzaga e The Jet Black´s
EDISON: Carlos Gonzaga e The Jet Black´s
Qual foi sua primeira experiência amadora e
profissional, antes de integrar no The Sparks na década de 1960?
EDISON: Foi
num dos ensaios de uma banda do bairro THE RAMBLERS. Ai meu primeiro show num
Clube de Malhas ( Radial Leste ) hoje Viaduto Aricanduva ( Penha) em
Uma
apresentação festas Juninas.
A sua família era conservadora? Se possível, faça um relato de suas memórias
da época, ou seja, sobre o comportamento da juventude de sua geração.
EDISON: Meus pais gostavam muito de operas, musicas líricas e eu vivia quase que diariamente com aquele tipo de som. A Juventude não tinha muitas opções, aos sábados as vezes rolava um bailinho com vitrola ao som de Ray Coniff – Aos domingos um futebol pela manhã, a tarde uma matine no cinema do bairro em busca de alguma paqueração etc. A partir do movimento do Rock and roll as coisas começaram a mudar, todos queriam imitar os ídolos da época, Marlon Brando, James Dean, calças Lee, botinhas de fivela, salto carrapeta, cintos largos, blusão de couro, com emblemas de carros, gravatinhas tipo twist etc .
EDISON: Meus pais gostavam muito de operas, musicas líricas e eu vivia quase que diariamente com aquele tipo de som. A Juventude não tinha muitas opções, aos sábados as vezes rolava um bailinho com vitrola ao som de Ray Coniff – Aos domingos um futebol pela manhã, a tarde uma matine no cinema do bairro em busca de alguma paqueração etc. A partir do movimento do Rock and roll as coisas começaram a mudar, todos queriam imitar os ídolos da época, Marlon Brando, James Dean, calças Lee, botinhas de fivela, salto carrapeta, cintos largos, blusão de couro, com emblemas de carros, gravatinhas tipo twist etc .
Você se lembra quando teve contato com seu
primeiro instrumento musical? Conte, de forma sintética, como tudo se
desenvolveu...
EDISON: Meu primeiro contato com o instrumento foi numa apresentação do conjunto THE RAMBLERS em um comício na casa de um político da época Januário Mantelli Netto, morador no bairro ( Belém – SP )
Fui convidado para o show e vendo minha fonte de referencia fui convidado a sentar pela primeira vez em uma bateria aquilo me deu forças sobrenaturais para continuar até dos dias de hoje. A partir de então no próprio ensaio da banda com outros frequentadores consegui montar um grupo.
Como foi o início da The Sparks e sua
amizade com os músicos de outras bandas?
EDISON: Eu por falta de outras opções (uma delas financeiras)
Trabalhava durante o dia, estudava a noite, e aos sábados me tornei um habitue nos ensaios da banda
Onde comecei a sentir gosto pelo som instrumental o baterista era irmão de um rapaz que trabalhava comigo.
Como surgiu o nome da banda?
EDISON: O nome surgiu depois de uma votação entre os 4 componentes do grupo. O nome THE SPARK´S- ( OS FAISCAS) foi aderido por todos. Só para constar dois músicos trabalhavam com eletricidade, por isso a razão do nome.
EDISON: O nome surgiu depois de uma votação entre os 4 componentes do grupo. O nome THE SPARK´S- ( OS FAISCAS) foi aderido por todos. Só para constar dois músicos trabalhavam com eletricidade, por isso a razão do nome.
Como a banda trabalhou na gravação do
primeiro disco de carreira?
EDISON: Eu desde criança sempre gostei de discos era um assíduo comprador desse material hoje tenho cerca de 10.000 vinis. Normalmente eu comprava em uma loja no centro de São Paulo. – Comercial Marco Zero – na Praça da Sé – onde em conversa com o proprietário da mesma
Falei que estava montando um grupo e que tinha uma enorme vontade de gravar um disco. Ele tomou nota do meu endereço e num belo sábado em pleno ensaio ele compareceu provido de seu gravador de rolo – pediu para que nos tocássemos algumas músicas, ele gostou
e marcou estúdio para que nos fizéssemos o nosso primeiro LP, "THE SPARKS MUSICAS PARA A JUVENTUDE".
Eu praticamente só fiz o serviço de divulgação do disco indo diretamente em algumas rádios pedindo aos locutores – apresentadores que nos dessem uma colher de chá – as musicas eram escolhidas por eles de acordo
Com a sua necessidade. Chegamos a pegar parada de sucesso em MATO GROSSO – fizemos até viagens a região Campo Grande e outros estados.
Qual foi o primeiro programa de TV que
projetou o The Sparks para a mídia?
EDISON: Apesar de termos tocados em alguns programas de TV.
Canais 2,3,4,5,7,9,13 Acredito eu que o programa que mais divulgou o nome The Sparks – foi no Canal 4 – TV Tupi – Programa Júlio Rosemberg – onde apareciam grandes astros, como
Wanderley Cardoso, Djalma Lucio, Os Lunaticos, e outros conjuntos da época. E nos programas os Brotos 66 de José Carlos Romeu e no 1º Encontro Nacional da Jovem Guarda no canal 7 – Tv. Record.com Randal Juliano.
Havia um pacote de músicas que a
banda gostava de tocar mais que alguma
outra escolhida pela gravadora para se divulgada como música de trabalho nas
rádios?
EDISON: Trabalhamos muito THEME FOR YOUNG LOVERS por nossa vontade era a mais solicitada em nossos bailes e shows.
EDISON: Trabalhamos muito THEME FOR YOUNG LOVERS por nossa vontade era a mais solicitada em nossos bailes e shows.
O que a jovem guarda representou para a
sua banda?
EDISON: Apesar de termos começado antes da Jovem Guarda (1963/ 1964) esse movimento deu uma alavancada muito
grande em nossa carreira.
O preconceito que havia em torno do jovem
que usava cabelos longos gerava algum tipo de obstáculo eventualmente?
EDISON: Nos em época alguma mesmo até os dias atuais nunca usamos cabelos compridos, por isso talvez não tivemos
Nenhum problema relacionado a esse fato. O nosso lema foi sempre o bom desempenho artístico com uma boa execução e qualidade sonora. Procuramos respeitar o público, sem cigarros,bebidas, drogas, etc.
O surgimento da tropicália atrapalhou a
trajetória da The Sparks ou isso não fez diferença? Sabe-se que o que ocorreu
mesmo foi o desinteresse de alguns clubes. Segundo o relato de outras bandas
houve diminuição no circuito e os proprietários de clube e radialistas deixaram
de lado artistas e bandas da jovem guarda. O que realmente aconteceu?
EDISON: Outros movimentos surgiram e os clubes foram aderindo as novas ondas e consequentemente foi crescendo o numero de bandas, cantores, etc o que fez aumentar em muito a concorrência. Hoje infelizmente temos poucos espaços físicos para uma enorme quantidade de pseudônimos ( ARTISTAS) ou arteiros que trabalham em nome da arte. Mas o que contribuiu mesmo foi a ocupação imobiliária dos espaços ( clubes varzeanos que foram perdendo seus espaços) para a confecção de prédios, casas etc. e consequentemente esses clubes foram perdendo seus patrimônios, sedes etc. Então foram reduzindo o numero de apresentações de cada banda em virtude da falta de espaços.
EDISON: Outros movimentos surgiram e os clubes foram aderindo as novas ondas e consequentemente foi crescendo o numero de bandas, cantores, etc o que fez aumentar em muito a concorrência. Hoje infelizmente temos poucos espaços físicos para uma enorme quantidade de pseudônimos ( ARTISTAS) ou arteiros que trabalham em nome da arte. Mas o que contribuiu mesmo foi a ocupação imobiliária dos espaços ( clubes varzeanos que foram perdendo seus espaços) para a confecção de prédios, casas etc. e consequentemente esses clubes foram perdendo seus patrimônios, sedes etc. Então foram reduzindo o numero de apresentações de cada banda em virtude da falta de espaços.
As drogas exerciam algum tipo de papel
para a imagem do artista ou músico?
EDISON: Exercem sim de maneira negativa como nos dias de hoje. O músico e tratado como um marginal, irresponsável em virtude do comportamento anormal de alguns que necessitam do álcool ou entorpecentes para tentar encarar de frente o seu público.
EDISON: Exercem sim de maneira negativa como nos dias de hoje. O músico e tratado como um marginal, irresponsável em virtude do comportamento anormal de alguns que necessitam do álcool ou entorpecentes para tentar encarar de frente o seu público.
Fale de seu retorno com suas bandas da
época?
EDISON: Em
relação nunca houve retorno pois a banda sempre foi atuante desde 1964 até os
dias atuais. Estamos completando 50 anos de história em plena atividade, inclusive
estamos em estúdio gravando um novo material.
Do seu ponto de vista, qual a diferença
entre o pop rock que se faz hoje e o rock and roll de sua época?
EDISON: Hoje existem vários rótulos das vertentes do rock and roll – porém a característica original do Rock é a usada nos anos 50 tocada mais ou menos como Rockbilly.
EDISON: Hoje existem vários rótulos das vertentes do rock and roll – porém a característica original do Rock é a usada nos anos 50 tocada mais ou menos como Rockbilly.
Deixe sua mensagem aqui para os músicos
que estão iniciando carreira hoje. Você sabia que no Rio Grande do Sul existem
muitas bandas que se inspiram no som da jovem guarda dos anos 1960 e possuem
gravações próprias? Muitas bandas são influenciadas pelo Brazilian Bitles,
Renato e seus Blue Caps, The Fevers, Os Incríveis, Os Canibais, The Clevers,
entre outras. O que você deixaria de recado a esses jovens.
EDISON: Você que esta em inicio de carreira – hoje as coisas estão mais fáceis, instrumentos de primeira linha, meios de comunicação, filmes, dvd. CDs. Toda a tecnologia a seu dispor. Antigamente para conseguirmos um disco importado era uma dificuldade enorme, vitrolas de baixa qualidade com um falante que mal dava para se ouvir com qualidade o som executado, pedais de bateria com molas que dava até câimbra para tocar, peles animal que apesar de afinadas não davam condição legal para você tocar e uma serie de dificuldades. Passamos por isso e hoje já desfrutamos de algo melhor. O que eu tenho a dizer para você e que seja determinado, ponha muita fé em você mesmo, acredite no seu trabalho, o melhor investimento que você poderá fazer é em você mesmo, não procure imitar ninguém seja autentico, não esmoreça em momento algum, busque os seus objetivos
Faça a si mesmo algum tipo de pergunta
que gostaria que o entrevistador tivesse feito.
EDISON: A pergunta que você não fez mas que eu vou lhe responder.
Até o ano de 1968, ganhei um bom dinheiro, fazia uma
média de 130 shows por ano sem cobrar caro, mas tocava bastante.
A partir de 1969 com o sumiço da Jovem
A partir de 1969 com o sumiço da Jovem
Guarda e a vinda de músicas cantadas em inglês a coisa
começou a REGREDIR, e assim tem sido até os dias atuais.
Hoje, você esta quase pagando para tocar.
Hoje, você esta quase pagando para tocar.
Publicação realizada em tempo real, prestes a ser finalizada. Favor aguardar.
NnÃO TINHA VISTO ESSA MATERIA MUITO BOA - VOCE ESTA DE PARABNENS POR DIVULGAR - ESTAMOS NA ONDA DO ROCK INSTRUMENTAL A MAIS DE 50 ANOS. obrigado.
ResponderExcluirquero agradecer-lhe a oportunidade de poder apresentar ao seu publico um pouco da nossa história de muitas lutas e conquistas,alegrias e decepções mas o que vale éA musica que esta presente dentro de nos.,
ResponderExcluirTbm não conhecia esta materia, música é coisa séria, meche demais com a alma da gente, essa turma de outrora, assim podemos falar, foi que deram impulso á nossa música, minha admiração eterna!!!
ResponderExcluirFico orgulhosa de tamanha cultura que compartilha...te acompanhare adquirir conhecimento. .parabéns Emerson.VC É ++++++
ResponderExcluirParabéns Emerson Links em trazer esta reportagem, mais um grande Mestre que é o Edison Della Monica, remanescente , extraordinário, cara que é mais um ícone, lenda do Rock nacional,abraços!
ResponderExcluir