sábado, 18 de julho de 2020

RENATO BARROS, DO RENATO E SEUS BLUE CAPS, É MAIS UM NOME DO ROCK A ESCAPAR DE UMA TRAGÉDIA, NESTE MÊS CAÓTICO

Tudo iniciou com uma estranha dor na face do ícone da jovem guarda, que em tempo adequado, Renato acabou sendo internado, em caráter emergencial, na última sexta-feira, para uma série de exames que revelaram a necessidade de uma cirurgia de aorta. Todos os cuidados foram tomados. Felizmente, até onde foi noticiado, o artista, de 76 anos, passa bem. A cirurgia de aorta é um procedimento que possui tipos de abordagem distintos dependendo do tipo de doença. Segundo informou Renata Barros, a filha de "Renato", nas redes sociais, o risco era bem superior do que fora apresentado nos exames e, conforme o médico, sem o procedimento cirúrgico (que durou 7 horas), não teríamos mais o velho ídolo entre nós. Já basta a grande perda que tivemos anos atrás: Ed Wilson (1945-2010), cantor e compositor, que fez sucesso na época da jovem guarda e que chegou a ser vocalista do Renato e seus Blue Caps no início de carreira. Felizmente, o outro irmão, Paulo Cesar Barros, de 73 anos, baixista e compositor, que é considerado o vocalista dos tempos clássicos do grupo está vivo e continua buscando seus próprios horizontes. Posteriormente, o vocal principal ficou a cargo de Cid Chaves, que continua até hoje no Renato e seus Blue Caps. 

RENATO: CARREIRA x SAÚDE PESSOAL  

Os fãs do grande guitarrista que me desculpem, mas tal notícia não me surpreendeu se for considerado o fato da suspeita de ele ser tabagista há décadas, segundo colegas de profissão já entrevistados. Contudo, em 2012, durante uma entrevista que gravei com Renato Barros, no Hotel Master Express, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, horas antes do mesmo realizar mais um show com sua banda num clube paroquial, na cidade de Viamão, vi uma carteira de cigarro praticamente evaporar em algumas dúzias de minutos (o tempo de gravação com o depoimento do artista durou cerca de 120 minutos). Acredito que o problema de saúde que Renato Barros esteja enfrentando seja consequência, em parte, do seu modo de vida noturno ligado aos hábitos que a própria atividade artística lhe proporciona. Alimentação irregular, sedentarismo ocasional e ausência da prática de algum esporte são fatores determinantes para futuras complicações físicas internas. É comum no show business brasileiro encontrarmos artistas remanescentes que não frequentam academias de musculação ou que não recorram a uma dieta saudável de algum nutricionista. O caminho, na maioria das vezes é sempre o oposto. Observo que o cigarro encabeça a lista de preferências das celebridades do passado. (Sic). A história da civilização moderna do século XXI já provou por A + B que a nicotina é responsável doenças cardíacas, respiratórias, AVCs, câncer de pulmão, envelhecimento precoce, entre outros malefícios. (...) O tabagismo sempre resultou em muitos óbitos e posso dizer que muitos casos que acompanhei durante as biografias para a "Bíblia do Rock" apenas confirmaram as previsões que eu fazia e que, lastimavelmente, só podiam serem compartilhadas nos bastidores ou, caso contrário, correria o risco de sofrer retalhações de fã-clubes amadores. Um deles, inclusive, não possui redator ou jornalista contratado e publica textos de terceiros.  
Renato, no apogeu da juventude.

Nem agosto chegou e já tivemos a recente baixa de Sival (Sinval Olímpio) do The Jordans, entre outros artistas de outros segmentos, como por exemplo, o cantor Carlos Alberto, também chamado de "Rei do Bolero". Como se não bastasse, ainda existe uma pandemia ceifando a vida de milhares de pessoas em todo mundo. No Brasil, a região sul é a mais afetada pela Covid 19. Dentro do cenário artístico temos muitos nomes que já ingressaram na terceira idade e entrar numa emergência de hospital neste momento para tratar de outra doença representa um risco redobrado. Vide os casos recentes como o do baterista Netinho, da banda Os Incríveis. Cuidar da saúde evitando vícios e ficar em casa ainda em isolamento é a única alternativa. Tem gente que discorda por puro negacionismo e o preço a pagar é sempre alto. A conta pode chegar atrasada, mas chega. A maioria dos artistas que tenho contato são prudentes e não se arriscam a questionar as autoridades da saúde. O problema é que antes do vírus pegar no povo já existia uma crise de consciência generalizada e evidentemente que muitos se refugiam no alcool e nas drogas. Não é o caso, aqui, exceto pelo consumo da nicotina, que provavelmente é o grande vilão da história. Não culpo as pessoas por qualquer tipo de vício, mas sempre é bom advertir. Renato, por exemplo, pertenceu a geração onde os jovens fumavam cigarro para estar na moda. Os anos 1960 foram ricos no consumo da nicotina, principalmente no consumo dos produtos sem filtro. Alguns filmes da jovem guarda apresentavam os jovens como maiorais do pedaço (coincidência ou não, alguns eram chamados de "os brasas". Uma década antes, James Dean, no cinema, lançou a rebeldia juvenil e a clássica foto de cigarro no canto da boca. É evidente que a moda não é o único motivo de alguém sentir a necessidade de enfiar fumaça nos pulmões. O motivo possui várias origens como problemas de ansiedade, escapismo ou até mesmo puro prazer. O bom mesmo é saber se cuidar, ter força de vontade para reinventar novos hábitos que sejam capazes de proporcionar longevidade. Serguei, por exemplo, conseguiu passar dos 80. O pioneiro do rock dos anos 1950, Carlos Gonzaga, já entrou na casa dos 90. Vander Loureiro, do The Beverlys (ex- Selo Young), idem. Como se vê, nunca é tarde para uma reavaliação de conceitos. Espero que os detratores compreendam, mas a minha crítica, neste caso, é construtiva. Quem não estiver de acordo que vá fumar um cigarrinho de chocolate ou, quem sabe, alguma erva recomendada  pelo Planet Hemp. Opa! Calma! Brincadeirinha!... Mas, na minha visão vou bater nesta tecla. Pois, diante da nicotina, qualquer coisa se torna melhor.
  No mais, eu desejo a completa recuperação de Renato Barros. Grande figura e um pioneiro do rock, em atividade desde 1959, com o eterno Renato e seus Blue Caps. (...) E sem esse papo de artista "antigo", pois ele é SIM um CLÁSSICO. Enfim...  Semana que vem tem mais...    

5 comentários:

  1. Parabéns Emerson. Para um país sem memória cultural seu trabalho é de suma importância. Renato é irmão do Paulo César, um dos maiores baixistas que conheci e que também era quem cantava no Renato e seus Blue Caps.

    ResponderExcluir
  2. Excelente, Emerson.comentario jornalístico da melhor qualidade.assertivo e de utilidade pública.nao mude!

    ResponderExcluir
  3. Parabens Emersom.E de grande valia td que vc diz.

    ResponderExcluir