domingo, 2 de agosto de 2020

SÉRGIO MURILO, O PRIMEIRO REI DO ROCK BRASILEIRO E SEUS 28 ANOS DE AUSÊNCIA

  Seria redundante afirmar que vivemos num país sem memória porque, afinal de contas, isso é dito diariamente, sempre que um aficionado por música ou cinema se recorda de algum artista preferido – mesmo que o "tal", muitas vezes, nem tenha sido tão popular assim, conforme as exigências dos "faraós da indústria do entretenimento". Caso o foco, aqui, não fosse simplesmente o cantor que antecedeu Roberto Carlos no rock brasileiro, possivelmente o leitor, leigo em história do rock, jamais daria a menor importância às linhas seguintes. Agora... se você for admirador do aclamado "Rei" vai se surpreender, presumo. Vamos lá...
  Antes de seu surgimento, Sérgio Murilo, em termos de posicionamento "performer" estava há mil anos luz a frente de um Luan Santana (ou qualquer Michel Teló) de hoje. Mil anos porque foi um dos primeiros cantores de rock no Brasil que a juventude se identificou e abriu as portas para que todos os nomes da jovem guarda fossem protagonistas deste movimento, ou seja, sem o seu sucesso e de outros colegas da mesma geração, como Celly Campello, Carlos Gonzaga, Tony Campello, Wilson Miranda, Ronnie Cord, George Freedman, Eduardo Araújo, possivelmente as rádios e as gravadoras jamais teriam investido na então chamada “música jovem”.

  Como qualquer colecionador de discos ou historiador está careca de saber, “Betinho e seu Conjunto” foi a primeira banda de rock a gravar uma composição original, “Enrolando o Rock”, em 1957, quase que simultaneamente Cauby Peixoto gravou sua original, mas era visível que nenhum deles tinha a idade biológica necessária para chamar atenção dos adolescentes que buscavam um ídolo que pudessem se espelhar. Betinho ingressava na meia idade já acumulando 40 anos de praia, enquanto Cauby rumava aos 30. Com toda originalidade que eles tinham faltava levar aos palcos um artista que estivesse saindo ou entrando na puberdade. Acontece que nesse período ainda não existia no Brasil uma música própria para os jovens. Com o início do rock, a garotada descobriu Bill Haley e seus Cometas, Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richard e assim por diante. Contudo, nenhum deles era brasileiro. Havia uma necessidade de o público juvenil assistir nos palcos alguém que compreendesse  seu comportamento. As gravadoras contratavam cantores de outros gêneros para  regravar discos de rock de sucessos que frequentavam as paradas americanas. Um deles, Carlos Gonzaga, pós graduado em boleros e guarânias, tinha uma excelente voz, mas também já era um trintão. Mesmo assim, “Diana”, versão de um sucesso de Paul Anka, vendeu um milhão de cópias em 1958. Gonzaga, nessa época, escondia a idade e passou por ídolo jovem tornando-se assim uma grande sensação do rock tupiniquim. Boa parte de seus sucessos eram versões do hit parade americano.  Nesse meio tempo, Tony Campello, nascido em São Paulo, mas que tinha vivido sua infância em Taubaté, quis tentar a vida na metrópole. Em 1958, após se experimentar como crooner de um conjunto de rock no interior, o Ritmos OK e posteriormente no Mário Genari e seu Conjunto, fechou contrato para gravar um compacto de 78 rotações pela Odeon.  Estavam previstas duas músicas uma de cada lado. Tony gravou “Forgive Me” (o lado B do disco) e sua irmã Celly, substituindo Celeste Novaes, assumiu os vocais de “Handsome Boy”  (o lado A). Duas canções originais brasileiras, mas vertidas para o inglês para chamar a atenção da juventude brasileira alienada deste período.  Tal compacto não vendeu o esperado, mas finalmente Tony e Celly Campello eram os artistas que as gravadoras sonhavam.  Eram jovens cantando para jovens. Exatamente nesse mesmo ano, no Rio de Janeiro, Sérgio Murilo, o ex-calouro de programas de auditório como “Os Curumins” e “Trem da Alegria”, ambos da Rádio Tamoio, foi descoberto pelo cinema. Ele queria muito gravar um disco de rock and roll pelo menos, mas, em 1958, passou num teste nos estúdios da Herbert Richers para interpretar um dos personagens coadjuvantes do filme “Alegria de Viver”, com John Herbert e Eliana no elenco. Reza a lenda que foi Sérgio Murilo quem ensinou Eliana a dar seus primeiros passos de dança de rock and roll. O filme tratava do tema como o pano de fundo de uma chanchada que trazia um casal central típico da época, John Herbert e Eliana. Durante o desenrolar da história, Sérgio interpretou o irmão da vilã (interpretada por Yoná Magalhães), que fazia o tipo juventude transviada. Aliás, “Alegria de Viver”, mostrou a primeira rivalidade do samba X rock. Só por isso o filme vale como documento histórico. E só depois de Sérgio Murilo figurar em outro longa-metragem, “A Grande Vedete”, com Dercy Gonçalves, obteve sua primeira oportunidade numa gravadora, a Columbia.
Sérgio muy guri e sua querida mãe, Dona Zazá, ainda nos anos 1950.
Numa sequência do filme "ALEGRIA DE VIVER" (1958)

Sérgio Murilo, então com 17 anos, e Celly Campello, a primeira rainha do rock.

Capa do álbum histórico de Sérgio Murilo, lançado em 1960.
Sérgio Murilo e Ronnie Cord, outro grande ídolo da juventude na época.

  De beleza angelical e uma voz puramente "teenager soft", Sérgio Murilo foi descoberto pelo compositor Edson Borges em 1959, no programa de Paulo Gracindo, que o fez gravar uma toada de sua autoria em parceria com Enrico Simonetti chamada “Mudou Muito”. De Borges, o cantor também gravou “Menino Triste”, um samba-canção muito down. O importante nisso tudo é que um empresário de shows logo surgiu para capitalizar todo material gravado em disco levando o garoto para os palcos dos teatros e clubes. Sérgio Murilo era tudo o que os produtores das gravadoras sonhavam, quando o assunto era faturar alto em cima da "juventude". Se Celly Campello era a grande porta-voz feminina do rock brasileiro, Sérgio logo se tornaria o mais querido entre os "brotos" (gíria usada para classificar os jovens desta época). Apesar do excelente vocal de Tony Campello, a sorte sorriu mais para Murilo, que não demorou a ver seu rosto estampado em todas as revistas de música da época. Se ele não fazia o tipo Elvis Presley rebelde de  “Jailhouse Rock”, compensava com a elasticidade melódica que embutia em cada canção que assumia o comando, sempre com o acompanhamento de Lyrio Panicalli e Orquestra. Não por acaso, ele gravaria uma versão “Only the Lonely”, de Roy Orbison, rebatizada de “Abandonado”. Antes disso, porém, Murilo entrou nas paradas de sucesso de 1959 com “Marcianita”, versão de Fernando César para um hit dos compositores Marconi e Alderete. Num futuro distante, outros nomes do rock e da MPB regravariam esse sucesso de Sérgio Murilo, como Raul Seixas, Caetano Veloso, Bobby Di Carlo e Léo Jaime.

  Outro filme que contou com a participação especial de Sérgio Murilo, onde ele canta "Rock de Morte" para o desespero dos pais, segundo os relatos da época. Uma película sob a direção de Carlos Hugo Christensen.

  Em 1960, com o sucesso estrondoso de “Broto Legal”, Sérgio Murilo era um perfeccionista, odiava errar e sempre gravava com sutileza qualquer canção já no primeiro take. Essa época não era como hoje que você pode gravar um disco em casa usando diversos canais e com chance de repetir e corrigir voz no momento adequado, cortando as partes menos apropriadas. No início dos anos 1960 isso era algo inviável. Outra coisa curiosa é que Sérgio se preocupava com um detalhe que nem mesmo a maioria dos artistas de hoje consideram um fator de extrema importância: "o cantar sem sotaque". Carioca da gema, Murilo exercitava para extrair o chiado toda vez que cantava alguma coisa no plural ou quando necessitava usar o “r”. Incrivelmente ele fazia tudo no tempo certo e com dicção impecável. Era quase um ator cantando e se continuasse no cinema receberia imensos elogios da crítica. Mesmo com o elenco completo, Carlos Augusto Hugo Christensen não hesitou escalá-lo para uma participação musical no longa-metragem “Matemática Zero Amor Dez”, onde canta “Rock de Morte”, e também no esquecido “Esse Rio que Eu Amo”. Depois de vários sucessos inesquecíveis como “Tu Serás”, “Quando Ela Sai” e “Domingo de Sol”, etc, dividiu o mesmo palco dos programas de rádio com transmissão ao vivo, como de Jair de Taumaturgo, com nomes quentes cena carioca da época como Sônia Delfino, Eduardo Araújo, Célia Vilela, Cleide Alves, Reinaldo Rayol, Ed Wislon. Erasmo Carlos, Renato e seus Blue Caps, Golden Boys, entre outros. Atualmente recluso e anônimo, Laerte Deves, um amigo da época, também cantor, relembra o início de carreira de Sérgio Murilo:
“Comecei em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, cantando na Rádio Farroupilha. Quando cheguei ao Rio a convite de Alcides Gerardi, conheci o Sérginho nos corredores da Rádio Nacional . Ele me viu e prontamente me levou para morar em sua casa. Ganhei o apelido de Rouxinol, por ter voz aveludada. Sérgio era mais rock. Nas apresentações do Sérgio, enquanto ele cantava, eu e dona Zazá, sua mãe, entregávamos suas fotos para a plateia. Juntamos um fã-clube jamais visto para um cantor. Sérgio foi glorificado pelos fãs”. (...).
  Depois de ter sido eleito o Rei do Rock no Brasil em 1962, numa eleição popular organizada pela Revista do Rock, Murilo fez carreira no Peru onde obteve um prêmio como “o artista estrangeiro mais popular” e o “Microfone de Praia”. Durante sua ausência, Roberto Carlos, que havia se decepcionado com sua carreira de cantor de bossa nova, ocupou a vaga deixada por Sérgio Murilo na cena jovem. Segundo o D. J. José Messias, que deu entrevista para o longa-metragem “ A Bíblia do Rock” (meu filme ainda em curso), Roberto Carlos ainda não tinha a consciência de que o rock brasileiro necessitava de um artista completo, ou seja, um ídolo que fosse capaz de cantar, tocar um instrumento próprio e compor músicas originais. Fortemente influenciado por Messias, Carlos Imperial e Chacrinha e contando com a parceria de um grande compositor conhecido como Erasmo Carlos, o brasa descobriu um tremendo atalho para o sucesso. A gravadora que contratou Roberto Carlos, a Columbia (futura CBS), queria mesmo se livrar de Sérgio Murilo, por este se tratar de um artista de "futuro incerto". Todo mundo sabia que o rapaz estava interessado em outra profissão, tanto que acabou cursando Direito na Faculdade Cândido Mendes. Ainda assim, fechou contrato com a RCA para gravar um novo álbum, “SM 1964”, que segundo ele próprio trouxe o primeiro rock pesado brasileiro, “Lúcifer”, que, na verdade, não passava de um rockabilly mais acelerado, de autoria de Baby Santiago (cantor e compositor, outro entrevistado meu). Surfando nas mesmas águas, o disco ainda trazia “Festa do Surf”, que acabou se tornando uma tentativa folclórica de alcançar a surf music dos Beach Boys. E, por assim dizer, considerando que neste momento, no Brasil, Elvis Presley começava a ser substituído pelos Beatles e outras bandas da Invasion British e destavando o fato de  praticamente ninguém conhecia a banda americana de Brian Wilson.

  Édson Wander, Sérgio Murilo e Tony Carvalho.

  Pouco antes de ter seu programa de TV, Jovem Guarda, exibido com sucesso no país inteiro em 1965, pela Record, Roberto Carlos já havia eclipsado Sérgio Murilo em todos os programas de rádio, apresentando um sucesso atrás do outro: “Splish Splash”, “Parei na Contramão” e “É Proibido Fumar”. Para completar o pacote, “Festa de Arromba”, interpretada por Erasmo Carlos, comunicava a formação de um "clube fechado de artistas e bandas da jovem guarda". E por que Clube fechado? Porque esse clube trazia Tony Campello, que mesmo pertencendo a turma do rock dos anos 50, foi citado na música, enquanto que Murilo, colega de mesma época que Campello, foi completamente ignorado. É de conhecimento público que, no auge da jovem guarda, Tony chegou a se apresentar em alguns programas de TV do Rei Roberto, e, até mesmo, George Freedman, também ídolo do final dos anos 50 e início dos 60, mas que teve sua carreira ressuscitada sem maiores obstáculos. Aliás, muita gente conseguia, exceto Sérgio Murilo que parecia constar numa espécie de "lista negra". Notem que Celly Campello, depois de regravar um compacto em 1968, reapareceu nos programas de TV sem qualquer retaliação por parte da turma da jovem guarda. Ela, tão bela (aos padrões da cartilha da época) e de voz tão marcante (elogiada, inclusive, por Tom Jobim) e que muitos fãs acreditavam ser a real autora de “Banho de Lua” e “Estúpido Cupido”, só não ficou permanentemente no estrelato porque não quis. Celly tinha abandonado a carreira de cantora em 1962 para se casar com Eduardo Chacon, um contador da Petrobrás (fato que se repetiu com a pioneira Célia Vilella). E essas são histórias que se repetiram em vários casos, uma constante no segmento emocional dos anos 1960.
  Roberto Carlos, em sua fase "cabeluda", foi uma grande pedra no sapato de Sérgio Murilo.

  Nos bastidores muitos questionam o fato de Murilo ter trocado uma vida matrimonial tranquila, seja em que esfera fosse, para se manter no estrelato. É fato que muitos ícones não assumem compromisso porque o matrimônio rouba o tempo de trabalho e o status de solteiro sempre fora mais atraente aos olhos fãs e da mídia (algo bem oposto aos tempos atuais). Entretanto, vasculhar a vida íntima de um ídolo não faz parte do meu trabalho e se fosse assim eu deveria gostar menos David Bowie. A trajetória artística e os desafios são bem mais atraentes que qualquer fofoca estilo Revista Caras. Evidentemente que atendendo a pedidos informo que Sérgio Murilo nunca se casou, mas segundo Serguei, durante um "acidente afetivo de estrada", o cantor carioca teria deixado um filho em Lima, no Peru, sem nunca ter reconhecido a paternidade do mesmo. Claro que isso em nada diminui o campo de atuação de Sergio, que passou a se dedicar somente a carreira de advogado, mas que, no desenrolar da década de 1960, nunca deixou de gravar anualmente um compacto simples ou duplo com novas canções.  Foram muitos sucessos e grande assédio do público para quem sempre representou o mais genuíno teenager. A beatlemania pode ter atrapalhado um pouco, seguida dos Rolling Stones, porém Sergio tinha seu público fiel. Na segunda metade dos anos 1960 já havia lançado discos de qualidade, à margem de toda efervescência jovemguardista: “O Dragão”, “O Pequeno Gastronauta”, “Playboy”, “A Tramontana”, entre outras. Amigo íntimo de outro cantor de rock que andava na contramão dos ídolos do iê-iê, Serguei, passou a usar trajes com cores cada vez mais berrantes, que iam de encontro com a ordem roqueira estabelecida em países de Primeiro Mundo.

  Além de ganhar a vida como advogado inclinou-se para as Artes Plásticas, viajou pelo mundo e voltou a ser o foco das atenções graças ao sucesso da trilha sonora nacional da novela “Estúpido Cupido”, lançada em um álbum pela gravadora Som Livre em 1976. Sérgio Murilo aproveitou o que pôde nesta época em que o revival estava em alta, a ponto de ir se apresentar no Programa de TV Globo de Ouro - porque “Broto Legal” havia regressado às paradas de sucesso, após 16 anos de seca, desde seu lançamento musical. Nos anos de chumbo, Sérgio Murilo estava quase vivendo como um anônimo, somente os fãs mais ardorosos de sua época eram capazes de reconhecê-lo nas ruas. Entre seus fãs mais ilustres estava ninguém menos que Raul Seixas (que odiava quando algum músico setentista criticasse a pureza do rock dos primórdios). O próprio Sérgio Murilo fez questão de retribuir a gentileza do então famoso admirador e regravou “Eu Sou a Mosca que Posou em Sua Sopa”, porém, no estilo discotheque, durante sua estada no Peru em 1978. Cada vez mais mergulhado nas artes plásticas, Sérgio Murilo passou em branco nos anos 1980. Sem nenhum disco lançado desabafou a um repórter que estava realizando uma reportagem para uma revista semanal que o Rock in Rio 1985 sequer cogitou seu nome para uma das noites de nomes do rock brasileiro.  Situação típica de um país subdesenvolvido e sem memória cultural.

  O último grande herói: Cícero Pestana, o Doutor Silvana, da emblemática banda de pop rock dos anos 1980, produziu o último disco de Sérgio Murilo.

  Quando muitos imaginavam que Sérgio teria abandonado a carreira, Dr. Silvana, um guerreiro do rock Brasil anos 80, decidiu socorrer o intérprete de “Broto Legal”, produzindo o último álbum de carreira, “Tira-Teima”, lançado em 1989. De longe, o melhor trabalho de sua fase pós-rock and roll, apresentando Sérgio Murilo a uma nova geração. Infelizmente tal geração, que se encontrava mergulhada na alienação, preferia ouvir bandas estrangeiras que jamais acrescentariam culturalmente seus currículos, derrubando assim todos os valores conquistados pelos pioneiros do Rock Brasil. Um momento não muito diferente de hoje, onde existem raros artistas e bandas de alto nível cultural que conhecem a história de seu próprio país. Talvez até por desgosto, Sérgio Murilo contraiu um câncer que, diagnosticado tardiamente, contribuiu para o seu falecimento em 19 de fevereiro de 1992. Pode até soar piegas bater nesse ponto, mas quantos políticos medíocres já alcançaram nome de ruas e avenidas e muitos escritores, atores e músicos de valor sequer constam hoje em rodapés de jornais e revistas sobre celebridades. É um autêntica inversão de valores. Para um país onde quase 90% da população mal sabe cantar o próprio hino nacional, esquecer artistas como Sérgio Murilo e outros nomes de outros segmentos, de igual ou maior valor, nada mais é irrelevante que favorecer a presença constante de uma constelação de astros e estrelas descartáveis, que algum dia sequer estudou música. Culpa, também, desta "banda podre" de produtores semianalfabetos que assumiram o poder e tornaram a música brasileira repetitiva e sem inovação.
  Além de resgates fonográficos esporádicos como as coletâneas lançadas pelo cantor Albert Pavão e pela finada Bruno Discos, ainda durante os anos 1990, uma rapaziada na faixa dos 20 aos 40 anos tem contribuído para a ampliação do circuito de vários clubes de rock paulistanos que celebram a nostalgia. Se o entretenimento desses jovens era (e ainda o é) ouvir o som do velho rock and roll isso significa que, além da resistência do bordão “saudade não tem idade”, estamos vivendo um dos piores períodos de crise de criatividade musical.
  Nem tudo está perdido. Apesar do apocalipse instaurado pela pandemia, teremos novidades em breve. Estou preparando uma grande bomba (como se dizia antigamente) que vai agradar a todos os fãs do velho rock and roll e aos fãs de Sérgio Murilo. E ficam aqui os meus agradecimentos a incansável Angelica Lerner e a todos os grandes nomes de uma geração mil anos distante da minha que colaboraram para o grande projeto em curso. Quem sobreviver verá.


Texto: Emerson Links.