terça-feira, 24 de agosto de 2021

A MORTE DE CHARLIE WATTS, DOS ROLLIG STONES, É O PRELÚDIO DAS PERDAS QUE TEREMOS NESTA DÉCADA, NO MUNDO DO ROCK

Jazzista disciplinado, ele foi se adaptando no gênero proposto pela banda, desde 1963, sempre evitando se destacar na mídia mundial.
AGUARDE A PUBLICAÇÃO DO TEXTO ESCRITO EM TEMPO REAL.

terça-feira, 15 de junho de 2021

O CORAÇÃO DE REINALDO RAYOL NÃO RESISTIU. MAIS UM NOME DO INÍCIO DO ROCK E DA JOVEM GUARDA QUE SE VAI...

Segundo a última informação vinda do perfil de rede social facebook do músico Ronaldo Rayol (também irmão de Agnaldo Rayol), o cantor Reinaldo não está mais entre nós. Informação ainda não publicada na grande mídia, mais preocupada com sucessos descartáveis da geração Anita & Coisa e tal... Pra variar, ultimamente somos pegos de surpresa com notícias como essa. Foi assim com o Lafayette, com o Luís Vagner(Os Brasas) no mês passado e assim, provavelmente deve ser a tendência jornalística a ser seguida para com os demais ídolos do passado. Em tempos de Big Brother e de cultura massificada que recicla o que há de pior (mesmo com o apoio da tecnologia), nenhuma luz no fim do túnel será encontrada e todos os sobreviventes estarão renegados aos nichos. Reinaldo estava em situação pior que os demais colegas de geração, estava morando em um clínica de repouso ("para ser simpático", o termo, segundo o próprio, em conversa comigo por whats, era exagero), e isso cerca de uns quatro anos atrás grudou em minha mente. Nos últimos tempos, ele se queixava de ter sido esquecido por familiares e alguns amigos considerados íntimos dentro da sua trajetoria musical. Não sei a razão de o artista chegar a essa situação de aperto financeiro, mas está registrado lá nos meus perfis do facebook, uma campanha que fiz para ajudá-lo a comprar remédios e outros adereços apropriados para sua sobrevivência. Infelizmente... Reinaldo Rayol findou e, a partir de agora, será apenas um verbete de colecionadores e saudosistas.
Nascido em São Paulo, no dia 26 de julho de 1944, Reinaldo (depois Reynaldo) Rayol iniciou carreira como calouro interpretando hits de ídolos americanos em evidência no final dos anos 1950, tais como "Diana", "Puppy Love" e "Runaway", entre dezenas. Seu primeiro trabalho de maior visibilidade em disco foi em 1962, quando dividiu um álbum também gravado pela cantora, então mirim, Cleide Alves, chamado de "Twist". Tanto ela quanto ele foram acompanhados pelo grupo (na época conjunto) Renato e seus Blue Caps. Para muitos que estudiosos de música que conversei o disco era mais considerado uma obra do grupo que de seus cantores vocalistas que, por sinal, tinha o clássico "backing vocal" de Os Cariocas (artistas sintonizados com o gênero bossa nova).Como era muito comum um ídolo adolescente gravar versões que faziam mais sucesso, logo Reinaldo saiu em compacto cantando "Multiplicação" (versão de Multiplication, êxito maior de Bobby Darin, no filme "Quando Setembro Vier"), outra vez acompanhado instrumentalmente pelo Renato e seus Blue Caps. Não era fácil competir com nomes jovens que tinham aval para gravar um álbum solo, como eram os casos de Celly Campello, Sérgio Murilo, Carlos Gonzaga, Ronnie Cord, Tony Campello, George Freedman, Wilson Miranda, entre outros. Curiosamente gravou um grande rockabilly que um leigo da época sugeriu batizar de "Eu Quero Twist" que em 2007 foi regravado pela banda Barba Ruiva e Os Corsários (indisponível no you tube). Mas, enfim... As gravadoras trabalhavam com outros estilos não tão simpáticos ao rock and roll de raiz ou qualquer ritmo passageiro tipo "twist", enfim... Evidentemente que alguns nomes, graças ao apogeu da jovem guarda, tiveram um segundo momento. Reynaldo era mais um cantor considerado romântico que propriamente um ícone do rock nascente e suas vertentes. A beatlemania havia mudado o panorama. Era o tempo dos grupos instrumentais de guitarra, também. Reynaldo foi se posicionando e fez um determinado sucesso que não teve força suficiente de mantê-lo no topo até a idade madura. Para determinado segmento de gravadoras que contatei o nome de "Reynaldo Rayol" remetia a música brega. Daí, pergunto: "Por que o insucesso no século XXI? Considerando que a música brega (se fosse o caso) ampliou seu universo de atuação (vide Reginaldo Rossy).Realmente jamais saberemos a verdade. Pelo menos, de fonte direta, não saberemos. Reynaldo sempre se esquivava do assunto... e isso até surpreende porque ele foi produtor de um álbum de Claudio Fontana, pela gravadora Copacabana. (Mas deixarei esse assunto para outra oportunidade).
Próximo de completar 77 anos de idade em 26 de julho, o cantor deixou nossa dimensão vítima de COVID 19. Sobre a reação do seu irmão mais famoso, Agnaldo Rayol, nada se sabe ainda. OBS. VOLTE MAIS TARDE. O TEXTO RECEBERÁ NOVAS ATUALIZAÇÕES. GRATO PELA ATENÇÃO.

sábado, 22 de maio de 2021

RITA LEE ESTÁ REALMENTE PRESTES A NOS DEIXAR?

Dez entre dez fãs do rock clássico brasileiro foram pegos de supresa por uma terrível notícia: "a Rainha do Rock está com um tumor no pulmão esquerdo". Se a informação tivesse vindo de algum blog de colecionador ou de algum jornalista independente até vá lá ... A informação seria checada até a exaustão evitando assim mais um adereço para uma enxurrada de fakes news, ocorre que, até mesmo, a grande imprensa ficou de queixo caído com uma nota publicada na conta oficial da artista no instagram, na última quinta-feira, dia 20 de maio.
Após enfrentar um check up no Hospital Israelita Albert Einstein, Rita Lee, a cantora de maior sucesso nas paradas a partir de meados da década de 1970, foi diagnosticada com um tumor primário no pulmão esquerdo. Evidentemente que isso será apenas o início de uma temporada que renderá muitas especulações e, sobretudo, notícias falsas sobre o estado de saúde da artista. Por se tratar de figura lendária, afastada dos palcos e gravações de discos, obviamente trará à tona muitos ensaios jornalísticos, tributos precoces e, até mesmo, entrevistas exclusivas. Por sinal, trata-se de uma das poucas personalidades que ainda não gravou depoimentos para "A Bíblia do Rock". A cantora apenas aparece numa foto com Serguei em reportagem de página inteira escrita pelo jornalista Marcos Santuário, no jornal Correio do Povo de 2001, em tempos que eu ocultava o nome original do projeto utilizando o título de "Ritmo Rebelde". Com o registro em 2003, finalmente com o nome "A Bíblia do Rock", dei continuidade a agenda iniciada em 1999, cumprindo um cronograma de gravação de entrevistas com bandas e artistas de várias épocas dos anos 1950 a 2020. Até então, 2 mil e 19 personalidades entrevistadas, incluindo nomes que se consagraram no cinema e na TV.
Um amigo de longa data em um determinado dia me questionou: "Qual a necessidade de ter gravado todos os nomes (ou quase) todos nomes da história pessoalmente se o livro promete ser apenas um estudo profundo contendo informações ineditas sobre os pioneiros do rock and roll?". Respondi de cara: "Porque isso me deu mais credibilidade e justa causa, além de eu ter sido testemunha ocular dos tempos que eu passei a alcançar o rock presencialmente". Nos meus calculos, se quisesse incluir todos os sobreviventes do som que mudou gerações, eu teria que abandonar os projetos paralelos por nada menos que vinte anos. Pior: seria necessário uma paciência de monge (haja vista outros historiadores interessados em dissecar o tema) e disposição para trabalhar full time (o projeto não envolveria só mídia impressa e sim algo mais além no plano audiovisual). Houveram sempre desencontros geográficos para que eu, enfim, pudesse conhecer a grande eleita Rainha do Rock (nem Celly Campello conseguiu manter o título por tanto tempo, por causa de sua carreira relâmpago, pois se casou em 1962 com um contador da Petrobrás, Eduardo Chacon, passando a ser lembrada sempre como pioneira do ritmo jovem). Em tal época, Rita era uma das backvocals de Tony Campello (vide "Pertinho do Mar", lançada em 1965) para, logo em seguida, passar por bandas que se tornariam conhecidas como a gênese de Os Mutantes (leia-se O'Seis). Como todo mundo sabe, os já iniciados principalmente, Rita Lee Jones, nascida em 31 de dezembro de 1947, no bairro Vila Mariana, em São Paulo, optou por carreira solo em virtude das diferenças criativas entre os músicos-fundadores de Os Mutantes e demais questões que não vem ao caso, neste momento. Rita chegou a formar a dupla, As Cilibrinas do Éden, com Lucia Turnbull, de curta duração. Os Mutantes entraram em outra, partindo essencialmente para o som progressivo, por demais frutífero na década de 1970. E a pergunta que perturba a minha mente constantemente é meio Stephen King: "...E se eu tivesse vivido os anos 1970? Não teria documentado tudo, desde o início, como passei a fazer na vida adulta, especificamente a partir dos anos 1990?... Seria o mesmo que escrever a história do cinema e ter vivido o início do século XX, mas ninguém vive mais de 100 anos para testemunhar tudo, certo?". Fico pensando não ter flagrado Rita Lee & Tutti Frutti no auge da fama com minha câmera. Consequentemente, a cantora em parceria com Roberto de Carvalho, igualmente seria digna de registro. E o que dizer de Raul Seixas? (quando eu iniciei o projeto o Maluco Beleza já estava morto). O mesmo ocorreu com Cazuza e outros, porém, de qualquer modo, tive a oportunidade de conhecê-los (o que não reduz em nada a importância do projeto). A realidade é que eu emergi como cidadão adulto bem depois e só pude testemunhar o que esteve de acordo com minha idade biológica. Em contrapartida, batendo de frente contra esse questionamento, documentarei (no plano audiovisual, jornalístico e dramaturgico) possivelmente, sobrevivendo a pandemia, novas gerações de artistas e bandas de rock (devemos subestimar os novos talentos por não carregarem a bandeira do pioneirismo?). E falando em pioneirismo documentei os pioneiros do rock dos anos 1950, 1960, 1970 e assim por diante, sempre escapando um outro por uma questão de contato profissional e/ou agenda. Mas que fique registrado que muitos ilustres passaram por mim, principalmente nomes que contribuiram até indiretamente para com o rock, como foi o caso de Roberto Menescal, um dos quatro pilares da bossa nova. Pois bem... Uma pergunta para pensar na cama, como diria o célebre economista Joelmir Betting... O saldo final será positivo? O que vale mais? A análise ou a reconstituição histórica?
Voltando ao pior de todos os questionamentos: Rita Lee sobreviverá? Uma matéria publicada no site G1, no dia 20 de maio do mês corrente, "Câncer de Pulmão: conheça sintomas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento da doença de Rita Lee". Em resumo, o indíce de mortalidade é alto, mas a oncologia apresenta evolução no tratamento. O que preocupa é que tal tópico não promete cura e sim sobrevida do paciente. No parágrafo da matéria, o leitor se depara com a seguinte informação, bem no seco: "Cerca de 90% dos casos desse tumor estão associados ao cigarro, mas é preciso dizer que não fumantes também podem desenvolvê-lo", avalia a médica Clarissa Mahias, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
A matéria ainda lembra de uma entrevista de Rita Lee ao jornal Extra em 30 agosto de 2020, onde a propriamente dita afirmou que não usava drogas havia 15 anos com exceção do cigarro. Tudo indica que este tenha sido o gatilho apertado para o desenvolvimento da doença silenciosa, agora,infelizmente, preocupando a todos os familiares e envolvidos. Em razão do tratamento imunoterápico, possivelmente a cantora ficará mais reclusa do que de costume. Nada de longas sessões de depoimentos com algum figurão da imprensa, entrevistas exclusivas com historiadores e muito menos contato com o público VIP. Será mesmmo? Tudo leva a crer que sim. Fico pensando quantos projetos maravilhosos deixarão de existir por causa deste quadro clínico. Mas, nestas alturas do campeonato, isso é o que menos importa. O que passa a valer agora é a vitória de Rita Lee contra o mal que aflige milhões de pessoas no globo terrestre. Só com o tempo saberemos do resultado, mas... "Nada como um dia após o outro". Eu queria muito incluí-la, de forma direta, nem que fosse via skype ou ZOOM, no projeto "A Bíblia do Rock", porém, diante dos fatos, mal faço ideia daquilo que o destino nos reserva. O próprio tempo dirá o resto...
Enfim, fica aqui, registrado, meu carinho e apreço pela maior cantora de rock lançada no século XX.
TEXTO: EMERSON LINKS, o autor de A BÍBLIA DO ROCK.

quarta-feira, 31 de março de 2021

MORRE LAFAYETTE, O ORGANISTA DE ROBERTO CARLOS, QUE FEZ CARREIRA SOLO GRAVANDO ÁLBUNS NOS TEMPOS ÁUREOS JOVEM GUARDA

Eis mais uma triste notícia em tempos obscuros, em todos os níveis. Por intermédio do seu perfil, na rede social facebook e, conforme, os veículos de comunicação, cerca de três horas atrás, entre os quais, O Globo e UOL, obtive a confirmação desta grande perda. Entretanto, fiquei sabendo da morte de Lafayette, alguns minutos antes, através do músico Jimmy Cruise (que no início dos anos 1960, assinava como Jimmy Cruz, que participou dos gloriosos programas de Jair de Taumaturgo). Imediatamente eu emergi, após checar sua mensagem no whatsapp, pois estava me recuperando de dias de exaustão editando a entrevista que fiz com o músico e comediante, Ricardo Corte Real (assistam no meu canal no you tube). Naturalmente, a primeira reação é de comoção e sentimento de vazio. Lafayette era mais que um artista instrumental, tratava-se de uma das lendas vivas do circuito dos bailes da juventude dos anos 1960. Eu tive a oportunidade, devido a pandemia, de gravar uma entrevista com ele (não presencial), via messenger, no ano passado, num domingo, em 13 de setembro (direto do Rio). Eu, também no papel de documentarista, evidentemente, sabia da existência do Lafa - muito antes de o fundador da banda Autoramas (Gabriel Thomaz) resgatá-lo em shows nos palcos cariocas e arredores indies, sob uma nova configuração de grupo batizada Os Tremendoes (que alterou o nome para Lafayette & Os Tremendões) por volta de 2004. O grupo chegou a gravar dois álbuns. Sempre me senti estilisticamente atraído pela "música" que marcou várias gerações as quais nunca fiz parte. Na real, um impulso de saciar minha curiosidade, como historiador "independente" e perfeccionista, também isento de idolatria e qualquer outro tipo de sentimento mundano (exceto pelo exercício de testemunhar a própria arte musical resistindo a malha infalível do tempo). Eu diria que isso é algo que me leva a formatar em minha mente uma viagem no tempo, sob o ângulo de uma câmera imaginária de 360° VR. Nesta viagem, crio meu próprio filme, ou melhor, uma série com toda galeria de astros da música jovem e nela incluo o pulsante organista Lafayette embalando corações e mentes. Nascido a 11 de março de 1943, no Rio de Janeiro, Lafayette Coelho Vargas Limp, tinha formação clássica, mas como todo o jovem do seu tempo ficou muito atraído pelo rock add roll, passando a integrar o conjunto The Blue Jeans Rockers em 1958. Posteriormente diversificou quando fez parte do Sambrasa, desta vez com arranjos de sua autoria, já nos anos 1960. Logo, ele foi se enturmando, a partir de um convite de Erasmo Carlos, que estava gravando um disco em estúdio em 1964 e precisava de um tecladista.Logicamente que suas habilidades reconhecidas seriam aproveitadas igualmente nos discos que seriam lançados por Roberto Carlos, pouco antes, até mesmo do apogeu da jovem guarda na TV.Posteriormente, Lafayette gravaria acompanhando outros astros como Renato e seus Blue Caps, Os Golden Boys, Trio Esperança, Jerry Adriani, Wanderléa, Martinha, entre outros. Como sempre se tornava um destaque extra, logo receberia sinal verde para gravar discos solos que seriam reconhecidos como emblemáticos, por uma nova geração (hoje nem tão nova assim), vide a já citada turma de Os Autoramas e o esquecido Astronauta Pinguim, espécie de "Lafayette" do rock gaúcho da geração 2000. O responsável pela ascensão comercial de Lafayette foi Evandro Ribeiro, o todo poderoso da CBS (mesma gravadora de Roberto Carlos), razão pela qual ajudou o artista a ser o introdutor do órgão Hammond B-3 em apresentações musicais no Brasil. O músico foi um dos primeiros a vencer na carreira solo na condição de instrumentista, vendendo milhões de cópias de discos pelo mundo todo.
Como reza a cartilha dos grandes nomes que deixaram sua marca em nível popular (inicialmente graças a RC, jovem guarda & Cia), Lafayette era um cidadão íntegro, gentil e atencioso (o tripé básico de obter a admiração em massa dos seres humanos). Qualidades que, por outro lado, não foram levadas em conta, quando o assunto é longevidde dentro de uma gravadora. Enfim, eu poderia acrescentar muita coisa aqui, porém, pego de surpresa não consigo ampliar o conteúdo, de momento. Assim que for viável farei a edição da entrevista que realizei com Lafayette (ou parte dela), considerando que a maioria do seu conteúdo fará parte do livro e filme. Mesmo on line, eu pretendia aprofundar em sua trajetoria no rock and roll e na música brasileira instrumental. Não deu para acelerar o passo em razão da qualidade e, contrariando todas as expectativas, esse será o único registro do "ícone" dentro do projeto multimídia "A Bíblia do Rock". Quem viver verá.
LAFAYETTE E OS TREMENDÕES.
Ele estava se recuperando de uma cirurgia no fêmur, por volta de fevereiro, e ainda enfrentava sessões de hemodialise. Sua saúde, de conhecimento público, era por demais debilitada, necessitava de grandes reforços e cuidados. Pouco se sabe detalhadamente, exceto o que seu perfil informou e, também, nos bastidores que abrange sua família, amigos e fãs. O óbito, então, aconteceu. Segundo Esmeraldina Dias Varges (nome real da cantora Dina Lucia), o corpo de Lafayette será cremado, as 16 horas, no dia 1 de abril, no Crematório São Francisco Xavier, no Caju, no Rio de Janeiro, capital.
OBS. MATÉRIA SENDO ESCRITA EM TEMPO REAL. AGUARDE A CHAMADA PARA A LEITURA.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

40 ANOS SEM BILL HALEY - ARTISTA CONSIDERADO POR MUITOS ESTUDIOSOS O "PAI DO ROCK AND ROLL"

Seu falecimento em 9 de fevereiro de 1981 não obteve nem 20% da repercussão sobre o desaparecimento de Elvis Presley em 16 de agosto de 1977 (desaparecimento no plano físico, para que fique registrado). Pois bem... Haley estava na chamada "meia-idade", atravessou poucas gerações e era (quase) sempre festejado como a força básica do rock dos primórdios. Aos 55 anos, em tom pacato, morreu solitário num quarto de sua residência no interior do Texas, de uma inadvertida parada cardíaca. Desconfiava-se que ele estivesse sofrendo do Mal de Alzheimer, doença incurável onde perda de memória e confusão de informações são os principais sintomas. Triste crepúsculo para quem trazia alegria para multidões durante décadas e décadas, mesmo que estivesse sempre mergulhado na nostalgia.
Nos últimos tempos de vida, jornalistas revelaram que um policial local afirmava que Bill não apreciava solidão e necessitava de qualquer pessoa para conversar. Bastavam de 5 a 10 minutos de conversa para tirá-lo da fossa, mas diziam que ele realmente parecia não estar batendo bem dos pinos. Em tempos que a garotada já estava mais concentrada no rock pesado e no som progressivo, exercitar a nostalgia soava como sinal de caretice (algo inimaginável nos dias de hoje). Pouco antes da morte de Elvis trazer uma nova febre de redescobrimento de valores dos primórdios do rock and roll, Haley já estava se sentindo senil. Desde 1975, depois que regressou de sua tour pela América Latina, o homem que cantava o hino de um gênero que balançou a sociedade ocidental em meados do século XX, vivia numa modesta cidade de Harlingen. De homem simples e de aparência caipira havia se transformado numa figura bizarra. Ignorava contato com a imprensa e mentia sobre seu endereço. Em várias ocasiões era flagrado perdido nas estradas, nos campos e demais cantos da região, assim diziam os policiais. Na verdade, errava o caminho por bloqueio algum tipo de bloqueio mental. Notícias distribuídas em 8 de fevereiro de 1981, pelas agências, entregavam que ele estava escrevendo sua autobiografia e expressava um desejo de retomar a vida artística. Seu exílio não era algo comparado a ostracismo, era uma estratégia de quem lutava contra um mal progressivo e que possuía esperança de alcançar uma revitalização física e mental. Por mais que alguns influenciadores you tubers criem falsas narrativas sobre as origens do rock and roll, Bill Haley jamais será esquecido. A morte, em 1981, eternizou seu nome. Não era considerado "O Rei do Rock", mas "Pai" certamente ele o foi. Alan Freed era o disc-jóquei que havia cunhado o rock, porém, Bill Haley e seus Cometas eram pais do hino do gênero, "Rock Around The Clock".
Muitos se identificavam com Bill Haley porque ele simplesmente não era um tipo de sujeito inalcançável. Não tinha pinta de galã e nem era atlético, pelo contrário, era matuto, de cabelos pouco volumosos para um topete temperado por brilhantina. Vestia-se bem ao contrário dos rebeldes-sem-causa dos anos 1950. Os jovens buscavam revolução no visual e no comportamento, desobedecendo os pais e buscando novos padrões nos hábitos e costumes. E por essas e outras que o cidadão comum, uma boa maioria, se via nele. Antes de ele virar artista da mídia, Bill (William John Clifton, nascido em Highland Park, Michigan, em 6 de julho de 1925) era músico country, entre outras variações da época. Haley teve o privilegio de poucos: o de pertencer a uma família de músicos. Seu pai tocava banjo e bandolim, enquanto sua mãe se revezava ao piano e órgão. As músicas eram invariavelmente country and western (a música caipira de essência americana) e, aos 7 anos, Bill unia-se aos pais dedilhando uma guitarra. Seu primeiro grupo profissional, Down Homers, surgiu em 1946, depois do qual ele passou a assumir carreira solo. Ele, mesmo com a vantagem de gravar discos sob a proteção de produtores, fracassou em vários compactos country, em tempos que dividia a vida de músico itinerante e DJ. A grande virada em gênero e êxito iniciou quando, ainda imberbe, criou seu próprio grupo, o The Sanddlemen, que era visto tocando em clubes e festas de colégio. Aos 18 anos, formado na escola secundária, arriscou viajar com sua banda por muitas cidades do Meio-Oeste Americano. Assim como mandava o figurino, tocavam música country, mas o que tornava tudo especial era a marcação mais rápida que a usual - com um caldo instrumental de rhythm and blues que cativava os adolescentes daquele momento. Assim foram surgindo versões de canções tais como "Rocket 88" e "Rock The Joint" (apesar de remeter a Jackie Brenston e Delta Cats era, na realidade, uma composição normalmente executada por Ike Turner and The Kings of Rhythm. Detalhe: Jackie Brenston que era saxofonista do grupo assumiu os vocais nesta gravação). Em suma, a germinação do rock tinha origem na regravação dos clássicos.
Em 1952 e até muito antes disso, o já citado DJ Alan Freed tinha seu programa de rhythm and blues. Reza a lenda e os depoimentos repassados através de décadas e décadas que teria sido ele, enfim, "o padrinho do rock and roll". A expressão "rock" já existia para nomear outras ações e reações comportamentais do homem moderno daquele tempo. Até em blues você podia encontrar essa palavra. Resumindo: Bill Haley, músico branco e naturalmente americano, cidadão exemplar e pinta de conservador, era mais adequado que os jovens músicos negros que saíam de grupos ou de gravadoras como, por exemplo, a Sun Records (de onde surgiria, também, um branco - Elvis Presley - entre outros). The Sanddlemen virou Bill Haley e seus Cometas. Bill assinava Haley (com um "L" apenas), um trocadilho com o famoso cometa que passa pela Terra a cada 76 anos. Em 1953, "Crazy Man Crazy", foi a primeira composição de Haley a ingressar nas paradas de sucesso americanas. No ano seguinte, mudou o andamento de "Rock Around O'Clock", mas apenas conseguiu registra-la em 12 de abril de 1954. Isso não impediu o conjunto de Bill Haley e seus Cometas obter fama mundial com sua versão para "Shake, Rattle and Roll", composta por Big Joe Turner. A mais promissora ganhou repercussão graças sua veiculação no filme "Blackboard Jungle / Sementes da Violência", lançado nos cinemas em 1955. O filme dirigido por Richard Brooks retratava um novo tipo de juventude que surgia na época. Atores como Vic Morrow e Sidney Poitier encarnavam personagens muito influenciadores. Eles eram a própria geração rock and roll em carne e osso. Antes, sem o gênero "rock", Marlon Brando já havia antecipado comportamentalmente o que viria pela frente, em "The Wild One" / O Selvagem", durante o desenrolar de 1953. Pilotando motocicleta, usando calças jeans e jaqueta de couro, exibia o que havia de mais moderno em termos de comportamento juvenil. No mesmo ano de "Sementes da Violência", surgia, com mais força de expressão, James Dean, que mesmo sem sequer ter ouvido ou encontrado tempo para assimilar o rock and roll se tornaria o símbolo do movimento. Símbolo no cinema, é claro. Dean entrou para a história protagonizando apenas três filmes: "East od Éden / Vidas Amargas" (1955), "Rebel Without a Case / Juventude Transviada" (1955) e "Giants / Assim Caminha a Humanidade (1956). James Dean não chegou a ver este último filme concluído porque morreu em um acidente na estrada com sua porsche em 30 de setembro de 1955.
Enquanto Bill Haley e seus Cometas explodia com "Rock Around the O'Clock", mais uma vez nos cinemas, desta vez, no filme "Ao Balanço das Horas", um jovem vindo do interior dos EUA, assim como ele, porém, visualmente mais atraente e dono de uma voz negra inigualável, começava a fazer sucesso entre os jovens nas rádios e nos palcos, consequentemente no cinema e na TV. Existia o fato de muitos jovens preferirem Bill Haley a Elvis Presley justamente por questões apresentadas no início deste texto. Era mais fácil ter um sujeito fisicamente comum como ídolo que um ser humano de beleza exuberante com o qual era mais dificil de ser imitado. O próprio Carl Perkins no documentário History of Rock and Roll dizia que tentava encontrar cicatrizes, qualquer defeito no rosto de Elvis Presley e sempre voltava dizendo que Deus o havia criado com perfeição. Elvis foi declarado pela mídia da época como "O Rei do Rock", mas a vaga de "Pai" sempre pendia para Haley. Os outros, apesar de geniais, vinham atrás ou oscilavam. Pelo simples fato de constar na galeria de artistas chamada de race music, Chuck Berry, Little Richard, Fats Domino e outros, não constavam nas paradas oficiais, por um bom tempo. Bill e seu grupo estavam no topo porque eram os desbravadores do novo ritmo. Uma coleção de hits fizeram história: "See You Later Alligator" (que, no Brasil, em 1957, ganhou uma versão em português interpretada por Agostinho dos Santos); "Don't Knock the Rock", The Saint's Rock and Roll", "Razzle Dazzle", "Rip it Up", entre muitos. Por sinal, a cantora brasileira Nora Ney gravou sua versão para "Rock Around O'Clock" e, em seguida, o clássicou ganhou uma releitura em português através da cantora Heleninha Silveira. Obviamente que as músicas de Bill Haley acabariam influenciando a juventude inglesa que, logo em seguida, criou seus próprios ícones. Os Beatles (coisa que todo mundo sabe) começou carreira interpretando clássicos do pioneiro americano. Os ingleses eram malucos por guitarras. Eles tiveram forte influencia na segunda geração do rock and roll que viria com muito peso na década de 1960.
Com a campanha caça as bruxas instalada pelo congresso conservador americano, o rock and roll, assim como simpatizantes do comunismo, virou alvo de diversas investigações, como por exemplo, o escandalo da payola (origem do jabá, a propina que os DJs das rádios cobravam para tocar insistentemente uma determinada música). Alan Freed, o comunicador mais famoso e grande defensor do rock, passou a ser perseguido e investigado, inclusive acusado por sonegar impostos. Ele morreria em 20 de janeiro de 1965, aos 43 anos de idade, em Palm Springs, California, EUA. Seu rival, Dick Clark, rico e bonito, era visto com simpatia pelo congresso e escapou da "perseguição". O twist era uma dança, porém virou canção após Chubby Checker regravar a composição de Hank Ballard, que tinha seu próprio grupo e não fazia tanto sucesso assim. Clark soube vender o rock de forma domesticada e atraente. Até os mais velhos dançavam "twist". A onda passou depressa, quando os Beatles invadiram as rádios e os programas de TV nos Estados Unidos. No principio, The Beatles era uma banda aparentemente inofensiva, mas, logo, progrediu musicalmente, ganhando prestígio e elogios da crítica. Isso aconteceu com outros artistas e bandas que foram renovando a cena, inclusive na folk music com Bob Dylan, Joan Baez e congeneres. Com isso e muito mais, a música de Bill Haley foi envelhecendo em ritmo virtiginoso, pelo menos no tempo em que o rock passava por uma nova mudança, na linha evolutiva dos anos 1960, havia, além de Beatles, Rolling Stones, Who, Animals, etc. Esses grupos foram transformando tudo que havia surgido antes em nostalgia, bem mais depressa que todo mundo poderia imaginar. Somente na década de 1970, com uma abertura de "Rock Around O'Clock" no segundo longa-metragem de George Lucas, "American Graffiti", lançado com sucesso em 1973, e os shows de resgate nostálgicos, foi que Bill Haley e seus Cometas retornou as paradas. O grupo chegou a fazer uma excursão pelo Brasil em 1975, pela segunda vez (sendo que a primeira havia sido em 1958, com um micro show de abertura de Roberto Carlos, no Maracanazinho e uma apresentação na TV Record). Em 1975, um novo ícone, Raul Seixas já havia regravado, há muito tempo, "Rock Around O'Clock", reaproximando a nova geração, a geração "1970", com os primórdios da música jovem. Bill arriscou muito, pagando mico de misturar samba com rock, através de gravações com o esquecível Lee Jackson. Há quem aprecie esse tipo de experiência, eu particularmente repúdio a ideia de combinar dois ritmos tão antagônicos (aparentemente são funcionais durante uma condensação, mas o sabor é bastante comprometedor). As vezes isso funciona, mas não aqui, neste caso. Um projeto que vale a pena somente como registro histórico. E o lance de alguém dizer que Haley estava apadrinhando o grupo Lee Jackson com o "presents" na capa não é uma sacada de mestre e sim uma tremenda picaretagem usou o nome do artista gringo para o lançamento em disco de um produto tão duvidoso. Sendo assim, prefiro ouvir regravações de bandas que conheço bem e possuem afinidade com as origens do rock como a banda gaúcha Barba Ruiva e Os Corsários, The Big Trep, The Krents, Ready Teds (extinta), entre outras. Essas realmente merecedoras de honrar a memória de Bill Haley e seus Cometas.
A banda de Bill Haley seguiu em frente, após a morte do seu maior fundador em 9 de fevereiro de 1981. É redundante afirmar que os anos dourados do rock and roll jamais foram revisitados com a mesma intensidade e originalidade. A esperança é que, com o avanço da tecnologia digital, possamos assistir um show holográfico em nível superior aos que já foram apresentados por detentores de imagem de outros artistas (leia-se Elvis Presley e derivados). Resta saber o quão será necessário atiçar a mente de uma geração que está mergulhada no trash funk, na música eletrônica fake e nos ritmos latino americanos por demais bregas. O público do rock and roll clássico, hoje, é um público minoritário. Seria necessário muita mídia, inovação em matéria de efeitos especiais, reconstruir toda uma atmosfera de época em 3D, VR, etc, ou até que uma nova proposta de espetáculo visual e sonoro seja capaz de tirar alguém de casa. Em tempos em que a interatividade dá todas as cartas será impossível algum entertainer trazer de volta "Bill Haley e seus Cometas". Se os próprios primeiros anos 2000 já estão se tornando nostálgicos... o que restará aos sobreviventes das últimas décadas? Gostaria muito de ter tal resposta, então tudo o que posso oferecer é esse momento de reflexão. Texto: EMERSON LINKS.

domingo, 31 de janeiro de 2021

A ÚLTIMA ENTREVISTA DE MÁRIO CERVEIRA FILHO, O BATERISTA FUNDADOR DA BANDA WATT 69

Inesperadamente, o único sobrevivente da formação clássica da banda Watt 69 nos deixou em 4 de janeiro do ano corrente. Não vou entrar em detalhes sobre sua morte (cercada de questões privadas e irrelevantes), mas sua trajetoria é contada por ele próprio numa entrevista que realizei para este blog (pesquisem nas postagens de 2018). Não era para ser um registro para ser usado em um documentário, considerando a precariedade do audio ainda constante durante as gravações no sistema on line (todas plataformas são discutíveis quando o assunto é qualidade). Pois bem... Era para ser mesmo um talk show alternativo. Sim, exatamente isso: é mais bate-papo que entrevista, visto que, visivelmente os internautas perceberam o meu grau de amizade com o saudoso músico (os diálogos deixam isso de forma bem transparente). Havia, sim, programado uma outra entrevista com Mário Cerveira mais focada em novos trabalhos e shows, prevista para o primeiro semestre de 2021. Infelizmente, aconteceu o que ninguém jamais esperou que fosse acontecer. Entretanto, aqui, neste espaço e em meu canal no you tube, você, seguidor da BIBLIA DO ROCK, poderá conferir uma entrevista inedita que Cerveira (conhecido também, como Marinho) concedeu a mim em 30 de novembro de 2020. Clique na imagem abaixo e assista seus últimos momentos em longa-metragem:
ATENÇÃO: Ajuste o volume e a resolução da imagem no canal no you tube. Se tiver notebook utilize a função impulsionar volume. A qualidade de som pode variar de acordo com o aparelho reprodutor do usuário.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

MORRE ORLANDO ALVARADO

Coreógrafo, bailarino e cantor nascido em Buenos Aires, Argentina, que teve passagem pela jovem guarda deixa nosso plano.