Seria redundante eu afirmar que vivemos num país sem memória
porque, afinal de contas, isso é dito diariamente, sempre que um aficionado por
música ou cinema se recorda de algum artista preferido – mesmo que o mesmo,
muitas vezes, nem tenha sido tão popular, conforme as exigências dos faraós da indústria
do entretenimento. Caso o foco aqui não fosse simplesmente o cantor que
antecedeu Roberto Carlos no rock brasileiro, possivelmente o leitor leigo em
história do rock não daria a menor importância às linhas seguintes. Agora se
você for admirador do aclamado Rei vai se surpreender que antes de seu surgimento,
Sérgio Murilo estava há mil anos luz a frente de um Luan Santana (ou qualquer Michel
Teló) de hoje. Mil anos porque foi um dos primeiros cantores de rock no Brasil
que a juventude se identificou e abriu as portas para que todos os nomes da
jovem guarda fossem protagonistas deste movimento, ou seja, sem o seu sucesso e
de outros colegas da mesma geração, como Celly Campello, Carlos Gonzaga, Wilson
Miranda, Ronnie Cord e George Freedman, possivelmente as rádios e as gravadoras
jamais teriam investido na então chamada “música jovem”.
Como qualquer
colecionador de discos ou historiador está careca de saber, “Betinho e seu
Conjunto” foi a primeira banda de rock a gravar uma composição original,
“Enrolando o Rock”, em 1957, quase que simultaneamente Cauby Peixoto gravou sua
original, mas era visível que nenhum deles tinha a idade biológica necessária
para chamar atenção dos adolescentes que buscavam um ídolo que pudessem se
espelhar. Betinho ingressava na meia idade já acumulando 40 anos de praia,
enquanto Cauby rumava aos 30. Com toda originalidade que eles tinham faltava
levar aos palcos um artista que estivesse saindo ou entrando na puberdade.
Acontece que nesse período ainda não existia no Brasil uma música própria para
os jovens. Com o início do rock, a garotada descobriu Bill Haley e seus
Cometas, Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richard e assim por diante.
Contudo, nenhum deles era brasileiro. Havia uma necessidade de o público
juvenil assistir nos palcos alguém que compreendesse seu comportamento. As gravadoras contratavam
cantores de outros gêneros para regravar
discos de rock de sucessos que frequentavam as paradas americanas. Um deles,
Carlos Gonzaga, pós graduado em boleros e guarânias, tinha uma excelente voz,
mas também já era um trintão. Mesmo assim, “Diana”, versão de um sucesso de
Paul Anka, vendeu um milhão de cópias em 1958. Gonzaga, nessa época, escondia a
idade e passou por ídolo jovem tornando-se assim uma grande sensação do rock
tupiniquim. Boa parte de seus sucessos eram versões do hit parade americano. Nesse meio tempo, Tony Campello, nascido em
São Paulo, mas que tinha vivido sua infância em Taubaté, quis tentar a vida na
metrópole. Em 1958, após se experimentar como crooner de um conjunto de rock no
interior, o Ritmos OK e posteriormente no Mário Genari e seu Conjunto, fechou
contrato para gravar um compacto de 78 rotações pela Odeon. Estavam previstas duas músicas uma de cada
lado. Tony gravou “Forgive Me” (o lado B do disco) e sua irmã Celly,
substituindo Celeste Novaes, assumiu os vocais de “Handsome Boy” (o lado A). Duas canções originais
brasileiras, mas vertidas para o inglês para chamar a atenção da juventude
brasileira alienada deste período. Tal
compacto não vendeu o esperado, mas finalmente Tony e Celly Campello eram os
artistas que as gravadoras sonhavam. Eram jovens cantando para jovens. Exatamente
nesse mesmo ano, no Rio de Janeiro, Sérgio Murilo, o ex-calouro de programas de
auditório como “Os Curumins” e “Trem da Alegria”, ambos da Rádio Tamoio, foi
descoberto pelo cinema. Ele queria muito gravar um disco de rock and roll pelo
menos, mas, em 1958, passou num teste nos estúdios da Herbert Richers para
interpretar um dos personagens coadjuvantes do filme “Alegria de Viver”, com
John Herbert e Eliana no elenco. Reza a lenda que foi Sérgio Murilo quem
ensinou Eliana a dar seus primeiros passos de dança de rock and roll. O filme
tratava do tema como o pano de fundo de uma chanchada que trazia um casal
central típico da época, John Herbert e Eliana. Durante o desenrolar da
história, Sérgio interpretou o irmão da vilã (interpretada por Yoná Magalhães),
que fazia o tipo juventude transviada. Aliás, “Alegria de Viver”, mostrou a
primeira rivalidade do samba X rock. Só por isso o filme vale como documento
histórico. E só depois de Sérgio Murilo figurar em outro longa-metragem, “A
Grande Vedete”, com Dercy Gonçalves, obteve sua primeira oportunidade numa
gravadora, a Columbia.
De beleza angelical
e uma voz puramente teenager soft, Sérgio Murilo foi descoberto pelo compositor
Edson Borges em 1959 no programa de Paulo Gracindo, que o fez gravar uma toada
de sua autoria em parceria com Enrico Simonetti chamada “Mudou Muito”. De
Borges, o cantor também gravou “Menino Triste”, um samba-canção muito down. O
importante nisso tudo é que um empresário de shows logo surgiu para capitalizar
todo material gravado em disco levando o garoto para os palcos dos teatros e
clubes. Sérgio Murilo era tudo o que os produtores de gravadoras sonhavam
quando o assunto era faturar alto em cima da juventude. Se Celly era a grande
resposta feminina para o rock brasileiro, Sérgio logo se tornaria o mais
querido entre os brotos (gíria usada para classificar os jovens desta época). Apesar
do excelente vocal de Tony Campello, a sorte sorriu mais para Murilo, que não demorou
a ver seu rosto estampado em todas as revistas de música da época. Se ele não
fazia o tipo Elvis Presley rebelde de “Jailhouse Rock”, compensava com a
elasticidade melódica que embutia em cada canção que assumia o comando, sempre
com o acompanhamento de Lyrio Panicalli e Orquestra. Não por acaso, ele gravaria
uma versão “Only the Lonely”, de Roy Orbison, rebatizada de “Abandonado”. Antes
disso, porém, Murilo entrou nas paradas de sucesso de 1959 com “Marcianita”,
versão de Fernando César para um hit dos compositores Marconi e Alderete. Num
futuro distante, outros nomes do rock e da MPB regravariam esse sucesso de
Sérgio Murilo, como Raul Seixas, Caetano Veloso, Bobby Di Carlo e Léo Jaime.
Em 1960, com o
sucesso estrondoso de “Broto Legal”, Sérgio Murilo era um perfeccionista,
odiava errar e sempre gravava com sutileza já no primeiro take. Essa época não
era como hoje que você pode gravar um disco em casa usando diversos canais e
com chance de repetir e corrigir voz no momento adequado, cortando as partes
menos apropriadas. No início dos anos 1960 isso era impensável. Outra coisa
curiosa é que Sérgio se preocupava com um detalhe que nem mesmo a maioria dos
artistas de hoje consideram um fator de extrema importância: cantar sem sotaque.
Carioca da gema, Murilo exercitava para extrair o chiado toda vez que cantava
alguma coisa no plural ou quando necessitava usar o “r”. Incrivelmente ele fazia
tudo no tempo certo e com dicção impecável. Era quase um ator cantando e se
continuasse no cinema receberia imensos elogios da crítica. Mesmo com o elenco
completo, Carlos Augusto Hugo Christensen não hesitou escalá-lo para uma
participação musical no longa-metragem “Matemática Zero Amor Dez”, onde canta
“Rock de Morte”, e também no esquecido “Esse Rio que Eu Amo”. Depois de vários
sucessos inesquecíveis como “Tu Serás”, “Quando Ela Sai” e “Domingo de Sol”,
dividiu o mesmo palco dos programas de rádio com transmissão ao vivo, como de
Jair de Taumaturgo, com nomes quentes cena carioca da época como Sônia Delfino,
Eduardo Araújo, Célia Vilela, Renato e seus Blue Caps, Golden Boys, etc. Atualmente
recluso, Laerte Deves, um amigo da época, também cantor, relembra o início de
carreira de Sérgio Murilo: “Comecei em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul,
cantando na Rádio Farroupilha. Quando cheguei ao Rio a convite de Alcides
Gerardi, conheci o Sérginho nos corredores da Rádio Nacional . Ele me viu e
prontamente me levou para morar em sua casa. Ganhei o apelido de Rouxinol, por
ter voz aveludada. Sérgio era mais rock. Nas apresentações do Sérgio, enquanto
ele cantava, eu e dona Zazá, sua mãe, entregávamos suas fotos para a plateia.
Juntamos um fã-clube jamais visto para um cantor. Sérgio foi glorificado pelos
fãs”. (...).
Depois de ter sido
eleito o Rei do Rock no Brasil em 1962, numa eleição popular organizada pela
Revista do Rock, fez carreira no Peru onde obteve um prêmio como “o artista estrangeiro
mais popular” e o “Microfone de Praia”. Durante sua ausência, Roberto Carlos,
que havia se decepcionado com sua carreira de cantor de bossa nova, ocupou a
vaga deixada por Sérgio Murilo na cena jovem. Segundo o D. J. José Messias, que
deu entrevista para o longa-metragem “Bíblia do Rock”, Roberto Carlos ainda não
tinha consciência de que o rock brasileiro necessitava de um artista completo,
ou seja, um ídolo que fosse capaz de cantar, tocar um instrumento próprio e
compor músicas originais. Fortemente influenciado por Messias, Carlos Imperial
e Chacrinha e contando com a parceria de um grande compositor conhecido como
Erasmo Carlos, o brasa descobriu um atalho para o sucesso. A gravadora que contratou Roberto Carlos, a Columbia (futura CBS),
queria mesmo se livrar de Sérgio Murilo, por este se tratar de um artista de
futuro incerto. Todo mundo sabia que o rapaz estava interessado em outra
profissão, tanto que acabou cursando Direito na Faculdade Cândido Mendes. Ainda
assim, fechou contrato com a RCA para gravar um novo álbum, “SM 1964”, que
segundo ele próprio trouxe o primeiro rock pesado brasileiro, “Lúcifer”, que,
na verdade, não passava de um rockabilly mais acelerado, de autoria de Baby
Santiago. O disco ainda trazia “Festa do Surf”, que acabou se tornando uma
tentativa frustrada de alcançar a surf music dos Beach Boys, considerando que
neste momento, no Brasil, Elvis começava a ser substituído pelos Beatles e
quase ninguém conhecia a banda americana de Brian Wilson.
Pouco antes de ter seu programa de TV, Jovem
Guarda, exibido com sucesso no país inteiro em 1965 pela TV Record, Roberto
Carlos já havia eclipsado Sérgio Murilo em todos os programas de rádio
apresentando um sucesso atrás do outro: “Splish Splash”, “Parei na Contramão” e
“É Proibido Fumar”. Para completar o pacote, “Festa de Arromba”, interpretada
por Erasmo Carlos, comunicava a formação do clube fechado de artistas e bandas
da jovem guarda. Clube fechado porque trazia Tony Campello, que mesmo
pertencendo a turma do rock dos anos 50, foi citado na música, enquanto que
Murilo, colega de mesma época que Campello, foi completamente ignorado. É de
conhecimento público também que no auge da jovem guarda, Tony chegou a se
apresentar em alguns programas de TV do Rei Roberto, e até mesmo George
Freedman, também ídolo do final dos anos 50 e início dos 60, teve sua carreira ressuscitada
sem maiores obstáculos. Aliás, muita gente conseguia, exceto Sérgio Murilo que
parecia constar numa espécie de lista negra. Até mesmo Celly Campello, depois de regravar um compacto
em 1968, reapareceu nos programas de TV sem qualquer retaliação por parte da
turma da jovem guarda. Ela, tão bela e de voz tão marcante, que muitos fãs
acreditavam ser a real autora de “Banho de Lua” e “Estúpido Cupido”, só não
ficou porque não quis. Tinha abandonado a carreira de cantora em 1962 para se
casar com um contador da Petrobrás. Por falar nisso, Sérgio Murilo nunca se
casou, diminuiu seu campo de atuação, dedicando-se somente a carreira de
advogado, mas nunca deixou de gravar anualmente um compacto simples ou duplo
com novas canções. Na segunda metade dos
anos 1960 já havia lançado discos de qualidade, à margem de toda efervescência
jovemguardista: “O Dragão”, “O Pequeno Gastronauta”, “Playboy”, “A Tramontana”,
entre outras. Amigo íntimo de outro cantor de rock que andava na contramão dos
ídolos do iê-iê, Serguei, passou a usar trajes com cores cada vez mais
berrantes, que iam de encontro com a ordem roqueira estabelecida em países de
Primeiro Mundo.
Além de ganhar a
vida como advogado inclinou-se para as Artes Plásticas, viajou pelo mundo e
voltou a ser o foco das atenções graças ao sucesso da trilha sonora nacional da
novela “Estúpido Cupido”, lançada em um álbum pela gravadora Som Livre em 1976.
Sérgio Murilo aproveitou o que pôde nesta época em que o revival estava em
alta, a ponto de ir se apresentar no Programa de TV Globo de Ouro porque “Broto Legal” havia regressado às
paradas de sucesso, após 16 anos de seca desde seu lançamento musical. Nos anos
de chumbo, Sérgio Murilo estava quase vivendo como um anônimo, somente os fãs
de sua época eram capazes de reconhecê-lo nas ruas. Entre seus fãs mais
ilustres estava Raul Seixas, que odiava quando algum músico setentista
criticasse a pureza do rock dos primórdios. O próprio Sérgio Murilo fez questão
de retribuir a gentileza do então famoso admirador e regravou “Eu Sou a Mosca
que Posou em Sua Sopa”, porém, no estilo discotheque, durante sua estada no
Peru em 1978. Cada vez mais mergulhado nas artes plásticas, Sérgio Murilo
passou em branco nos anos 1980. Sem nenhum disco lançado desabafou a um
repórter que estava realizando uma reportagem para uma revista semanal que o
Rock in Rio 1985 sequer cogitou seu nome para uma das noites de nomes do rock
brasileiro. Situação típica de um país
subdesenvolvido e sem memória cultural.
Quando muitos
imaginavam que Sérgio teria abandonado a carreira, Dr. Silvana, um guerreiro do
rock Brasil anos 80, decidiu ajudar o intérprete de “Broto Legal” a produzir seu
último álbum de carreira. “Tira-Teima”, lançado em 1989, de longe, o melhor
trabalho de sua fase pós-rock and roll, apresentando Sérgio Murilo a uma nova
geração. Infelizmente tal geração que se
encontrava mergulhada na alienação, preferia ouvir bandas estrangeiras que
jamais acrescentariam culturalmente seus currículos, derrubando assim todos os
valores conquistados pelos pioneiros do Rock Brasil. Um momento não muito
diferente de hoje, onde existem raros artistas e bandas de alto nível cultural
que conhecem a história de seu próprio país. Talvez até por desgosto, Sérgio
Murilo contraiu um câncer que, diagnosticado tardiamente, contribuiu para o seu
falecimento em 19 de fevereiro de 1992. Pode até soar piegas bater nesse ponto,
mas quantos políticos medíocres já se tornaram nome de ruas e avenidas e muitos
escritores, atores e músicos de valor sequer constam hoje em rodapés de jornais
e revistas sobre celebridades. Para um país onde quase 90% da população mal
sabe cantar o próprio hino nacional, esquecer artistas como Sérgio Murilo e
outros nomes de igual ou maior valor nada mais é que favorecer a presença
constante de uma constelação de astros e estrelas descartáveis, que algum dia sequer
estudou música. Culpa, também, desta banda podre de produtores semianalfabetos
que assumiram o poder e tornaram a música brasileira repetitiva e sem inovação.
É por isso que uma rapaziada na faixa
dos 20 aos 40 anos tem contribuído para a ampliação do circuito de vários
clubes de rock paulistanos que celebram a nostalgia. Se o entretenimento desses
jovens é ouvir o som do velho rock significa que além da resistência do
bordão “saudade não tem idade” estamos vivendo um dos piores períodos de crise
de criatividade musical.
Muito bem colocado Emerson! Concordo em tudo.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAdorei sua matéria Emerson, muito bem elaborada, e concordo com o que disse sobre favorecer astros e estrelas descartáveis, deixando cair no esquecimento artistas de renome como Sérgio Murilo e muitos outros. Parabéns amigo!
ResponderExcluir(Dirce Maria Breve)
É lamentável que um artista de tamanha importância não tenha o devido reconhecimento nos dias de hoje,gostei de conhecer essa coletânea (A grande jogada e a Margarida) que contém músicas do Serguei, o post ficou bem completo, parabéns.
ResponderExcluirValeu! Grato pela atenção!
ResponderExcluirTambém adorei a matéria e concordo plenamente com você, Emerson! Principalmente no que diz respeito a favorecer cantores descartáveis, deixando cair no esquecimento artistas talentosos como Sérgio Murilo, Ronnie Cord, Ed Wilson e tantos outros de renome! Tomara que, depois de conhecerem totalmente a Bíblia do Rock, o público possa entender o tempo que perderam e como foram injustos com aqueles cantores que possuíam uma boa bagagem e sempre foram tão capazes! (Iminha sou eu, Ailma).
ResponderExcluirPô Emerson, acho que é o momento de tu organizar um tributo virtual ao SERGIO MURILLO !
ResponderExcluirJesiel...Dê sua sugestão sobre este tributo virtual sobre Sérgio Murilo. Existem vários contextos.
ResponderExcluirVivi apenas a última geração do rock brasileiro, mas gostei muito de conhecer o trabalho do Sérgio Murilo como cantor. Era bem juvenil e talentoso. Muito boa matéria, Emerson. Tem que ter mais gente aqui te prestigiando.
ResponderExcluirSou fã incondicional de Sérgio Murilo e Celly Campello
ResponderExcluirJamais serão esquecidos. Sou cantor e ainda quero muito homenagear os 2 queridos artistas.
Sou Ronie de Lyrio
ResponderExcluirEstarão sempre em nossos corações. Sou o próximo a fazer muito sucesso após a pandemia.Ninguem me segura
ResponderExcluirTenho mais de 5 sucessos no site americano N1M music. www.NM1music.com/roniedelyrio 1
ResponderExcluirRealmente este artista teve uma carreira muito curta,mesmo dentro da epoca , nos deixou ainda no alge de sua carreira e hoje quase ninguem sabe que é e o que foi para epoca.
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