segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

PURUCA, DA DUPLA OS JOVENS - DA JOVEM GUARDA


ENTREVISTA EXCLUSIVA




  Enquanto eu, o autor do ainda futuro livro e longa-metragem A BÍBLIA DO ROCK viajava pelo país documentando os pioneiros do rock e demais movimentos juvenis de todas as épocas, houve um interessante contato com o músico e compositor da jovem guarda, Francisco Leão Fraga, de codinome Puruca, que teve seu apogeu em meados dos anos 1960, ao lado de outro jovem como ele, João José. Ambos, depois de se conhecerem, em tal época, formaram o duo Os Jovens, completamente influenciados pelo pop rock britânico emergente. Gravaram discos, fizeram muitos shows e deixaram sua marca no maior movimento musical que já se teve notícia. Os anos 1960 foram tempos platinados que jamais retornarão, pois foram os tempos do pioneirismo das ferramentas eletrônicas, felizmente não havia imediatismo e muito menos a mídia virtual que existe hoje. Os talentos eram descobertos pelo talento vocal e não apenas pelo apelo visual gratuito como ocorre atualmente na internet (leia-se Pablo Vittar & Cia). Se havia exagero no visual de algum ídolo da jovem guarda tudo tinha uma razão de ser, pois a linguagem corporal se alinhava com a linguagem estética, fruto de uma época mais inocente e pura em rebeldia. Os padrões não eram liberais como no século XXI, então algo precisava ser rompido. O mundo dos adultos era um universo de proibições e isso tinha que acabar. E as primeiras gerações do rock conseguiram romper com os esquematismos. Lamentavelmente eu não tinha nascido para ser uma testemunha ocular da história. Enfim... Sou de outra época, como sabem, antes de ser cineasta e dramaturgo, eu era um cultuador dos anos pioneiros do rock and roll (anos 1950, 1960 e 1970). Logo, saindo de minha infância e me tornando jovem nos anos 1990, vivi plenamente o crepúsculo de todo esse pioneirismo (testemunhei as primeiras baixas do mundo rock nacional e internacional). Adulto e vacinado, entrei no front quase que tardiamente. Egresso de um grupo de ex-hippies e intelectuais dos anos 1960 e 1970, e como uma bagagem de centenas de registros musicais e experiências no teatro, eu já podia colocar em pratica o ambicioso projeto A BÍBLIA DO ROCK. Pois bem... Depois de ilustres ícones da primeira e segunda geração do rock brasileiro contarem suas histórias a mim (de Tony Campello a Osvaldo Vecchione), ainda joviais na primeira década de 2000, chegou a vez de Puruca me conceder uma entrevista, onde ele falou sobre sua carreira e iluminada participação na história do rock. Até então, ninguém o havia contatado, nem mesmo para escrever uma matéria sobre seu trabalho musical. O que se encontrava nos demais blogs não ia além de discografias ou curtas citações. Agora, finalmente, encontro em meus arquivos esta entrevista que ele me concedeu, mas que seria publicada apenas em meu livro. Enfim... por causa da excessiva curiosidade dos fãs e saudosistas que viveram a época da jovem guarda, resolvi ceder e assim prestar um tributo ao artista que partiu em 17 de dezembro de 2017, vítima de problemas renais e parada cardíaca. Sua morte, pra variar, não foi divulgada na grande mídia, aliás, esta só se interessa atualmente divulgar artistas de baixo nível cultural e sem qualquer identidade cultural genuína. Espero dar minha contribuição e compensar isso nas próximas linhas que seguem. Boa leitura.







A ENTREVISTA              



EMERSON LINKS:

O que o rock representa para você?

PURUCA:

O início de uma concepção que quer inovar idéias e vem inovando até hoje através de seus derivados, expressando a rebeldia construtiva através da música simples e universal – um canal artístico e autentico da juventude, seja etária ou um estado revolucionário da mente.




EMERSON LINKS:

O que o rock representou para a história da sociedade, através dos tempos?

PURUCA:

De primeira vista , aos olhos de nossos pais e nação, a rebeldia ao pé da letra; mas a sociedade absorveu  o que o rock tem de bom, deixando a pequeníssima parte de rancor para os péssimos interpretadores de ideias.

EMERSON LINKS:

Quando, onde e como você ouviu rock and roll pela primeira vez?

PURUCA:

Não sei bem ao certo quando, mas lembro de ter ouvido no rádio grandes nomes do rock em suas gravações pioneiras.




EMERSON LINKS:

Quais foram suas influências nacionais no que diz respeito a intérpretes e bandas?

PURUCA:

Os pioneiros do rock até chegar ao Roberto Carlos e The Beatles. Também um pouco de Bossa Nova de Tom Jobim e João Gilberto.

EMERSON LINKS:

Qual foi sua primeira experiência amadora e profissional?  A sua família era conservadora?  Faça um relato de suas memórias da época. Fale também do contato com seu primeiro instrumento musical. Conte, de forma sintética, como tudo se desenvolveu...

PURUCA:

Minha família sempre teve músicos amadores e profissionais.Minha mãe tocava piano nos cinemas de Corumbá e no Rio aquelas velhas trilhas tradicionais do cinema mudo.Minha irmã tocava piano clássico e meu irmão Reginaldo, Violão. Aos 17 anos esse meu irmão que era apreciador da bossa e do samba canção, me deu um violão e me ensinou a tocar o básico.
Daí fui me aperfeiçoando. 18 pra 19 anos conheci João José numa loja de Ferragens, aonde ele me arrumou um emprego. Aí, trabalhando na loja, ensaiávamos nos momentos que o dono estava ausente, e depois na casa de um dos componentes de um conjunto (Os Lordes) formado por nós e amigos surgidos daquelas ruas de Vila Isabel.Algumas imitações vocais dos Beatles em festas, na antiga boate Nazaré e concursos de música iniciaram minha carreira com a dupla Puruca e João José que logo se transformou na dupla Os Jovens.Em 1964 no concurso “Os Melhores do Ano” do programa “Hoje é Dia de Rock”, se não me engano, da rádio Mayrink e Veiga, ganhamos o primeiro lugar do mês, vencendo também como melhor do ano de 1964.Foi quando o João José decidiu procurar o Roberto Carlos que era seu amigo dos tempos de colégio. Roberto Carlos se colocou logo à disposição, e arrumou um teste nos estúdios da antiga CBS. Ao passar no teste logo fizemos as gravações do primeiro compacto e em um mês e poucos dias o disco foi lançado e já estava nas lojas. Este primeiro disco que era um compacto duplo teve como sucesso a faixa "Louca Paixão", que inclusive foi bem tocada nas rádios do Rio Grande do Sul. Os sucessos dos próximos discos já tiveram grande repercussão nacional. Foi o caso de "Se Você me Abandonar" (1966), "Você Fala Demais" (1967), "Deixe o Tempo Passar" (1967) e "Coração de Pedra" (1968).


   

EMERSON LINKS:

A Bossa Nova foi um movimento antagônico ao rock and roll?

PURUCA:

Acho que não, eles tinham que defender sua bandeira, uma musica com elementos do cotidiano brasileiro, apesar de não se poder fugir da influencia do blues e o verdadeiro jazz nessas mesmas.Portanto somos farinha do mesmo saco.Aquelas rixas me cheiram a sensacionalismo.Perda de tempo. Hoje “somos todos iguais”.

EMERSON LINKS:

A Jovem Guarda foi um movimento importante para o rock nacional?

PURUCA:

Claro, foi muito importante, e não tinha como ser diferente, o rock invadiu o mundo. Sempre estivemos no paralelo, pro nosso próprio bem e amadurecimento hoje.




EMERSON LINKS:

Pergunta relacionada ao movimento tropicália (ou tropicalismo). Você acredita que o rock and roll modernizou a MPB, acrescentando as guitarras elétricas nas canções, que antes era uma atitude proibida pelos tradicionalistas?

PURUCA:

Posso dizer que sim. Mas não queria acreditar nesta concepção. Prefiro: as guitarras são mais um elemento na MPB, assim como as flautas e a percussão são elementos a mais no rock and roll.  


EMERSON LINKS:

Alguns ingredientes do rock nacional ajudaram a moldar a MPB experimentalista dos anos 1970?

PURUCA:

Claro, as fusões sempre são bem vindas. O resultado é grau de aceitação.




EMERSON LINKS:

Se você teve uma carreira ou vivenciou os anos 70, qual era sua opinião sobre o movimentos de bandas do rock progressivo?

PURUCA:

Não tive carreira nos anos 1970, mas prestei atenção a nível de crítica. Todo estilo vem de modos diferentes de pensar.Respeito todos, desde que mantenham a originalidade e critérios de qualidade musical.

EMERSON LINKS:

Na década de 1970, surgiu uma onda onde os produtores de gravadoras desejavam revitalizar o espaço do pop rock brasileiro comercial, fabricando intérpretes (muitos “fantasmas”), que apareciam em discos cantando em inglês; Era os casos de Mark Davis (Fábio Jr.), Morris Albert, etc... Quais são suas lembranças desse período, ou seja, você era contra ou favor?

PURUCA:

Eu acho que toda produção é válida desde que seja viável e honesta.Quem tem que dizer se é contra ou a favor é o Mark Davis (Fabio Jr), o Morris Albert, etc. Será que foi negócio pra eles ? Se for negócio pra mim, eu sou a favor.


EMERSON LINKS:

A onda da discotheque iniciou uma crise no rock mundial e, por consequência, atingiu o Brasil?

PURUCA:

Isso é relativo.cada um tem um ponto de vista.Tudo dependia das gravadoras e do que o público brasileiro queria ouvir.
Tivemos nosso paralelo na discotheque.


EMERSON LINKS:

Você acha que o movimento punk revigorou a cena roqueira (nacional) e, por assim, dizer desafiou o reinado da discotheque, que chegava ao fim no início dos anos 1980?  

PURUCA:

Eu acho que tudo que vai um dia volta, e tudo que nasce um dia morre. É uma tendência mas também uma balança, um equilíbrio. De alguma forma, a concorrência de estilos musicais ajudam no crescimento ou na diminuição dessas ondas. Ainda bem que existe a ressurreição (na música). 


EMERSON LINKS:

Por que o heavy metal sempre teve pouca penetração nas rádios brasileiras?

PURUCA:

O brasileiro gosta de melodia e não de gritos rachados e repetitivos. É claro que existem exceções.


EMERSON LINKS:

No papel de compositor, quando foi que você atingiu o seu auge? Houve uma realização artística ou financeira?

PURUCA:

Foi em 1969 quando gravei "Aceito seu Coração", quando Roberto Carlos estava moldando minhas composições a um estilo mais erudito e (ainda) estava influenciado pela bossa. Financeiramente e artisticamente muito bom. Infelizmente os anos 1970 me fizeram parar de compor por algum tempo.




EMERSON LINKS:

O disco mudou a sua vida economicamente a sua vida ou foi uma opção prazerosa?

PURUCA:

Uniu o útil ao agradável.

EMERSON LINKS:

Conte uma história marcante, que você tenha vivenciado com uma fã.

PURUCA:

Foram muitas, mas as que marcaram mais foram aquelas que as fãs diziam: "Eu quero fazer sexo com você hoje". É... E aí eu tinha que dar meu jeito.  

EMERSON LINKS:

Você concorda com essa super valorização que a mídia faz do rock nacional dos anos 80?

PURUCA:

Claro, o que é bom tem que ser reconhecido, inclusive o melhor de outras décadas.

EMERSON LINKS:

O movimento grunge de Seattle (anos 90) foi importante para o rock nacional?

PURUCA:

Não prestei atenção nesse movimento mas, o que eu acho é que os anos noventa foi desperdiçado com muita música destruidora – da moral, do intelectual (pagode, funk favela, forró de botequim) – salvo os super heróis da música e o Rock que nunca morre.

EMERSON LINKS:

Descreva os intérpretes e bandas que você considera mais importante na história do rock (nacional e mundial).

PURUCA:

O interessante é isso; enquanto milhares de lançamentos descartáveis, as bandas e intérpretes tradicionais e mais importantes da história atravessam gerações. Esses são "os grandes". 

EMERSON LINKS:

Qual foi o fato mais marcante de toda a história do rock nacional? 

PURUCA:

Com certeza os anos 1960. Ah, se nós tivessemos a qualidade já ultrapassada dos anos 1980!!!

EMERSON LINKS:

Quem é o Rei do Rock nacional?

PURUCA:

Sinceramente eu acho que é o Erasmo Carlos. Muita gente vota nele. Também voto nele.

EMERSON LINKS:

Quem é a Rainha do Rock Nacional?

PURUCA:

Rita Lee. Sim, contribuiu. Alguém tinha que surgir para manter vivo o rock nacional. O pequeno espaço estava lá, podia ser o “Zé das Cove”. O grande problema da produção de música no Brasil é que quando ela retém, ela quer dominar e fechar o espaço.




EMERSON LINKS:

Até que ponto as drogas exerceram um influente papel no trabalho musical dos roqueiros?

PURUCA:

Com certeza, um grande papel, infelizmente. Felizmente os mais "espertos" sabem do "mal" que isso pode causar, e estão entre a pequena parte dos não a usam.




EMERSON LINKS:

John Lennon já dizia: “O Sonhou acabou”. Com base nisso, você acredita numa nova geração de rebeldes ou a humanidade caminha para a robotização do prazer alheio?

PURUCA: Não sei de nada. O futuro é imprevisível. Mas... infelizmente sem rebeldia o mundo não anda.

EMERSON LINKS:

O romantismo perdeu sua essência frente a uma geração que não produz mais música para dançar de rosto colado? (Questão voltada ao pop rock e não para a música folclórica ou brega). Por esse motivo não há mais espaço para o romantismo como havia no rock dos anos 50 e 60?

PURUCA:

Eu acho que a música romântica existirá sempre, nem que seja de forma mais cautelosa. Os produtores sempre investirão nisso. A TV , o cinema, o teatro e etc precisam dela.




EMERSON LINKS:

Essencialmente, o que difere o rock e o pop feito de norte a sul?

PURUCA:

Acho que só as influências culturais e regionais.

EMERSON LINKS:

A música eletrônica poderá acabar com o rock and roll?

PURUCA:

Nunca. O rock é grande. Pequeno é o espaço pra todas as músicas.




EMERSON LINKS:

Você concorda com a ideia de que, nos anos 1990, o grande astro, a figura carismática do vocalista desapareceu e em seu lugar surgiu "a própria mídia" como o centro das atenções. Por exemplo: nos anos 1980, os vocalistas se sobressaiam como poetas, era o caso de Cazuza, Renato Russo ou mesmo Júlio Barroso (da Gang 90). Nos anos 1990, a figura do vocalista evaporou? Se concorda com essa visão, comente.  

PURUCA:

Não. Há casos e casos. Uns se expoem artisticamente, outros não.

Plato Divorak, músico e compositor, um artista independente herdeiro da corrente psicodélica dos anos 1960.


EMERSON LINKS:

Sobre a política do jabá explorando o artista. A exploração continua?


PURUCA:

O jabá tem ser extinto. Só prejudica novos artistas e enchem os bolsos das máfias.


Made in Brazil, uma das grandes bandas dos anos 1970, injustiçadas pela grande mídia, juntamente com O Terço, Casa das Maquinas, Bixo da Seda e Patrulha do Espaço.


EMERSON LINKS:

Todo crítico é um artista frustrado? Por que?

PURUCA:

Não, todo critério pode ser infundado. Mas uma coisa é ter liberdade de expressão, outra é impor à liberdade de opção.

EMERSON LINKS:

O diabo é o pai do rock?

PURUCA:

E quem é o pai da música?
Independente da origem, qualquer ritmo é música.
E a música foi criada por Deus. O homem que associou as suas crenças, novas maneiras de interpretar essa música.
A não ser no caso de uma mensagem diabólica propriamente dita.
Quem sabe o diabo não é o pai, não do rock, mas sim de algumas  composições!!!


Raul Seixas, o Rei do Rock sim, porém, "pai do rock" é uma questão polêmica, pois "muitos vieram antes de mim". Essa era uma visão que ele próprio defendia em algumas entrevistas. 


EMERSON LINKS:

Deixe sua mensagem para o projeto A BÍBLIA DO ROCK.

PURUCA:

Projetos como esse são de grande importância para a memória do rock nacional e, claro, para a música popular brasileira. Cabe aos nossos arquivistas, historiadores, intelectuais, pesquisadores e especialistas da arte musical desenvolver maneiras de manter vivo o nosso patrimônio artístico, visto que, num país de tantas culturas e ritmos isso fica difícil. Parabéns e espero que muitos sigam o seu exemplo.



Para conhecer melhor o som da dupla OS JOVENS:






















5 comentários:

  1. Olá Emerson Links, adorei, pois não sabia quase nada deste ídolo!!!mas fico pensando, vc se empenha tanto, faz tudo de uma maneira tão profunda e intensa!!! e vem a minha pergunta,quem lerá esta e outras suas relíquias este povo aqui é que não vai mesmo!! daí minha imensa admiração, mesmo sabendo disto continua "o mesmo" irretocável!! ainda tenho esperança que outras gerações menos mediocres aplaudam este trabalho tão íncrível, assim como minha filha Júlia Pitaluga, que apesar de seus vinte e poucos anos, estuda, pesquisa e admira as gerações antigas (MENOS Á MIM) mas saber disso me dá esperança!! mais uma vez, parabéns pela bela entrevista e pelas musicas aqui publicadas, deveras emocionada!!! bjo grande e fique com Deus <3

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  2. Então estou progredindo se anos atrás eu não tinha mais que 600 leitores, hoje são cerca de 1000, as vezes 2 mil e quinhentos leitores. Nem tudo está perdido então. Há uma certa progressão numérica. Estou investindo em cultura de massa, mas isso não sginifica que eu sonhe com o mesmo público destes artistas medíocres da música pop brega que possuem meio milhão de seguidores. Vivo num país de Terceiro mundo, mas, pelo menos, culto leitores de Primeiro Mundo que entram aqui no blog para prestigiar, muitos deles artistas profissionais e não meramente curiosos de plantão. Só de avaliar essa progressão numérica de qualidade já está de bom tamanho para mim. A minha mídia continua sendo o cinema e nela acredito atrair maior público. Obrigado por tudo, querida. Agradeço, aqui, a gentil acolhida da atriz Fernanda de Jesus. Bj.

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  3. Parabéns pelo teu trabalho. Acabei de ler a entrevista com o Puruca. Muito boa.

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  4. Esta entrevista foi realizada em 7 de fevereiro de 2007.

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  5. Trabalho excepcional de documentar a história do rock no Brasil, e parabéns pela entrevista com o saudoso Puruca.

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