quarta-feira, 31 de março de 2021

MORRE LAFAYETTE, O ORGANISTA DE ROBERTO CARLOS, QUE FEZ CARREIRA SOLO GRAVANDO ÁLBUNS NOS TEMPOS ÁUREOS JOVEM GUARDA

Eis mais uma triste notícia em tempos obscuros, em todos os níveis. Por intermédio do seu perfil, na rede social facebook e, conforme, os veículos de comunicação, cerca de três horas atrás, entre os quais, O Globo e UOL, obtive a confirmação desta grande perda. Entretanto, fiquei sabendo da morte de Lafayette, alguns minutos antes, através do músico Jimmy Cruise (que no início dos anos 1960, assinava como Jimmy Cruz, que participou dos gloriosos programas de Jair de Taumaturgo). Imediatamente eu emergi, após checar sua mensagem no whatsapp, pois estava me recuperando de dias de exaustão editando a entrevista que fiz com o músico e comediante, Ricardo Corte Real (assistam no meu canal no you tube). Naturalmente, a primeira reação é de comoção e sentimento de vazio. Lafayette era mais que um artista instrumental, tratava-se de uma das lendas vivas do circuito dos bailes da juventude dos anos 1960. Eu tive a oportunidade, devido a pandemia, de gravar uma entrevista com ele (não presencial), via messenger, no ano passado, num domingo, em 13 de setembro (direto do Rio). Eu, também no papel de documentarista, evidentemente, sabia da existência do Lafa - muito antes de o fundador da banda Autoramas (Gabriel Thomaz) resgatá-lo em shows nos palcos cariocas e arredores indies, sob uma nova configuração de grupo batizada Os Tremendoes (que alterou o nome para Lafayette & Os Tremendões) por volta de 2004. O grupo chegou a gravar dois álbuns. Sempre me senti estilisticamente atraído pela "música" que marcou várias gerações as quais nunca fiz parte. Na real, um impulso de saciar minha curiosidade, como historiador "independente" e perfeccionista, também isento de idolatria e qualquer outro tipo de sentimento mundano (exceto pelo exercício de testemunhar a própria arte musical resistindo a malha infalível do tempo). Eu diria que isso é algo que me leva a formatar em minha mente uma viagem no tempo, sob o ângulo de uma câmera imaginária de 360° VR. Nesta viagem, crio meu próprio filme, ou melhor, uma série com toda galeria de astros da música jovem e nela incluo o pulsante organista Lafayette embalando corações e mentes. Nascido a 11 de março de 1943, no Rio de Janeiro, Lafayette Coelho Vargas Limp, tinha formação clássica, mas como todo o jovem do seu tempo ficou muito atraído pelo rock add roll, passando a integrar o conjunto The Blue Jeans Rockers em 1958. Posteriormente diversificou quando fez parte do Sambrasa, desta vez com arranjos de sua autoria, já nos anos 1960. Logo, ele foi se enturmando, a partir de um convite de Erasmo Carlos, que estava gravando um disco em estúdio em 1964 e precisava de um tecladista.Logicamente que suas habilidades reconhecidas seriam aproveitadas igualmente nos discos que seriam lançados por Roberto Carlos, pouco antes, até mesmo do apogeu da jovem guarda na TV.Posteriormente, Lafayette gravaria acompanhando outros astros como Renato e seus Blue Caps, Os Golden Boys, Trio Esperança, Jerry Adriani, Wanderléa, Martinha, entre outros. Como sempre se tornava um destaque extra, logo receberia sinal verde para gravar discos solos que seriam reconhecidos como emblemáticos, por uma nova geração (hoje nem tão nova assim), vide a já citada turma de Os Autoramas e o esquecido Astronauta Pinguim, espécie de "Lafayette" do rock gaúcho da geração 2000. O responsável pela ascensão comercial de Lafayette foi Evandro Ribeiro, o todo poderoso da CBS (mesma gravadora de Roberto Carlos), razão pela qual ajudou o artista a ser o introdutor do órgão Hammond B-3 em apresentações musicais no Brasil. O músico foi um dos primeiros a vencer na carreira solo na condição de instrumentista, vendendo milhões de cópias de discos pelo mundo todo.
Como reza a cartilha dos grandes nomes que deixaram sua marca em nível popular (inicialmente graças a RC, jovem guarda & Cia), Lafayette era um cidadão íntegro, gentil e atencioso (o tripé básico de obter a admiração em massa dos seres humanos). Qualidades que, por outro lado, não foram levadas em conta, quando o assunto é longevidde dentro de uma gravadora. Enfim, eu poderia acrescentar muita coisa aqui, porém, pego de surpresa não consigo ampliar o conteúdo, de momento. Assim que for viável farei a edição da entrevista que realizei com Lafayette (ou parte dela), considerando que a maioria do seu conteúdo fará parte do livro e filme. Mesmo on line, eu pretendia aprofundar em sua trajetoria no rock and roll e na música brasileira instrumental. Não deu para acelerar o passo em razão da qualidade e, contrariando todas as expectativas, esse será o único registro do "ícone" dentro do projeto multimídia "A Bíblia do Rock". Quem viver verá.
LAFAYETTE E OS TREMENDÕES.
Ele estava se recuperando de uma cirurgia no fêmur, por volta de fevereiro, e ainda enfrentava sessões de hemodialise. Sua saúde, de conhecimento público, era por demais debilitada, necessitava de grandes reforços e cuidados. Pouco se sabe detalhadamente, exceto o que seu perfil informou e, também, nos bastidores que abrange sua família, amigos e fãs. O óbito, então, aconteceu. Segundo Esmeraldina Dias Varges (nome real da cantora Dina Lucia), o corpo de Lafayette será cremado, as 16 horas, no dia 1 de abril, no Crematório São Francisco Xavier, no Caju, no Rio de Janeiro, capital.
OBS. MATÉRIA SENDO ESCRITA EM TEMPO REAL. AGUARDE A CHAMADA PARA A LEITURA.

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