sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

HÁ QUASE MEIO SÉCULO OS BEATLES DESEMBARCAVAM NOS EUA PARA A RETOMADA DO ROCK MUNDIAL

Texto: Emerson Links.





   Estados Unidos, 7 de fevereiro de 1964. A primeira geração do rock and roll estava praticamente banida das grandes rádios. No lugar de Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richard, Carl Perkins, Gene Vincent, Eddie Cochran, os "novos adolescentes" ouviam resquícios de Paul Anka, Neil Sedaka e Fabian ou entravam na onda do twist liderada por Chubby Checker. Tinha também a opção de ouvir os artistas negros da Montown. Nada tão mal assim, mas a coisa podia piorar quando a entresafra começasse a exigir novidades em termos de força rebelde. Na realidade, todos os artistas, com exceção dos Beach Boys e Jan and Dean, eram adultos casados e cheio de responsabilidades familiares. A juventude estava se sentindo pouco representada no rock and roll. Eis que de repente, a reação veio do outro lado do oceano Atlântico.
   -BEATLES!!!! Sim, essa era a palavra mágica que deixava todo mundo curioso. Era uma banda que estava fazendo o novo rock and roll, mas que, por razões óbvias, só alcançava sucesso na Europa. Não havia internet e as novidades levavam dias para sair nos jornais, rádios e TV. Assim, somente uma turnê de shows ao vivo faria a grande novidade do rock acontecer na maior vitrine do planeta: Nova York. Uma vez os Beatles haviam declarado que só visitariam os Estados Unidos quando tivessem uma música no primeiro lugar das paradas deste país. Antes de ser uma declaração arrogante, era um posicionamento consciente de um grupo que não desejava se tornar prodígio de um sucesso só e cair logo no esquecimento. E essa data finalmente chegou. Os Beatles, trajando seus terninhos e usando franjas e penteados estilo romanos, desembarcaram em Nova York em 7 de fevereiro de 1964. Em apenas 48 horas, mesmo sem existir internet e outras mídias velozes de hoje, o quarteto de cabeludos ficou famoso em toda a América. Afinal, o programa de TV Ed Sullivan Show, pela rede CBS, tinha sido assistido por cerca de 73 milhões de espectadores em 9 de fevereiro de 1964, o que iniciaria a retomada de bandas de rock na TV fazendo uma nova revolução estilística. Abaixo apresento a cronologia dos melhores momentos do início da Beatlemania:

a) os rapazes de Liverpool desembarcam às 13 h 20 min de 7 de fevereiro de 1964, no aeroporto John Fitzgerald Kennedy, de Nova York, no vôo 101 da PanAm. Pouco menos de um trimestre, o último presidente americano perdera a vida quando desfilou dentro de seu carro em Dallas, quando um suposto atirador chamado Lee Oswald lhe alvejara à sangue frio. Milhares de pessoas, não apenas jovens, mas 200 jornalistas e mais de 100 policiais aguardavam ansiosamente a grande novidade musical que lhes faria esquecer tal pesadelo americano. Também haviam Os Beatles era o maior nome das ilhas britânicas e sua chegada era muito aguardada. Apesar da propaganda não se tão explicita - tudo era mais visto em jornais e revistas e outro tanto vindos das rádios - um milhão de cartazes - sob a supervisão do empresário Brian Epstein - foram distribuídos entre os jovens com a seguinte mensagem: "Eles vêm aí". Juntamente com os Beatles também desembarcaram do avião, Brian Epstein, Neill Aspinall, Mal Evans, Brian Sommerville (relações públicas), Phil Spector (produtor) e Chynthia (a primeira mulher de John Lennon). Não muito longe dali, o escritor Tom Wolf, que estava cobrindo a chegada para o jornal New York Herald Tribune, descreveu o seguinte: "algumas das meninas tentaram saltar por cima de um muro de contenção". Apesar do inverno relativamente impiedoso, os Beatles foram muito bem recepcionados pelos fãs, fato que impulsionou sua rápida ascensão.
b) a coletiva com a imprensa não poderia ter sido mais alto astral. Todos os músicos bem humorados, irreverentes e charmosos. Era um tipo de grupo que fazia falta na cena não somente por causa da música - reciclagem do velho rock and roll com novas tendências - como também pelo carisma durante suas performances ao vivo. A entrevista coletiva concedida a 200 repórteres no saguão do aeroporto rendeu bons frutos, com exceção da revista Newsweek, que havia declaro depois que os Beatles visualmente eram um pesadelo enfiados no seus ternos eduardinos e cabelos em forma de tigela, e do New York Daily News, que não ficou muito longe disso, "bombardeada com problemas ao redor do mundo, a população voltou seus olhos para quatro jovens britânicos com cabelos rídiculos. Em um mês, a América os terá esquecido e vai ter que preocupar novamente com Fidel Castro e Nikita Krushev".
c) o programa de TV Ed Sullivan Show realmente foi decisivo para construção de um mito mundial. Em 1956, Elvis Presley virou sensação logo depois de sua estreia no programa. Com os Beatles não foi diferente. Os quatro rapazes reuniam todas as qualidades singulares encontradas no Rei do Rock e por isso encontraram o mesmo nível de consagração. Modernos demais para os padrões de 1964. Logo em seguida que Sullivan anunciou o nome do grupo, John, Paul, George e Ringo, conquistaram o público com "All My Loving". Um pequeno detalhe que ninguém esperava é que o estado civil de John foi revelado com uma legenda na parte inferior da tela de quem assistia em casa pela TV: "Ele é casado, meninas". Encerrando "All My Loving", os Beatles avançaram mais confiantes com "Till There Was You", "She Loves You", "I Saw Her Standing There" e "I Want To Hold Your Hand". Tratava-se de um pacote de músicas que era eficiente para um momento em que ninguém tinha ideia para onde as coisas poderiam ir. Depois do Beatles, somente Bob Dylan, naquele momento, sinalizava para algo realmente "inédito", mas Dylan não era inglês e nada tinha a ver com a invasão britânica que estava começando a tomar forma
d) no dia 11 de fevereiro de 1964, os Beatles chegaram de trem à capital americana, onde se apresentaram pela primeira vez em um show ao vivo nos EUA, que na visão de alguns experts foi um ensaio para a estreia no Carnegie Hall de Nova York no dia seguinte;
e) considerando que John Lennon era um homem casado, o mais cobiçado para a função de galã era mesmo Paul McCartney, que tinha traços faciais mais suaves e sorriso simpático. Ele passaria a ser o preferido de muitas mulheres.  

   Essa primeira visita dos Beatles foi um incentivo para outras bandas inglesas, e até mesmo americanas, redescobrirem o rock and roll como forma de expressão máxima da juventude. Na Inglaterra, a segunda banda mais preparada para o sucesso na América e no resto do mundo era a Rolling Stones, que faria em seguida uma tour pela América um tanto repleta de tropeços e críticas negativas, aos olhos da imprensa. Somente na segunda vez, os Stones encontrariam o sucesso e a solidificação da chamada Invasão Inglesa. O impacto deste movimento foi tão intenso que se refletiu no Brasil através da jovem guarda. As bandas mais sintonizadas com a Beatlemania era Renato e seus Blue Caps, Brazilian Bittles e The Clevers (depois Os Incríveis). Consequentemente, surgiram Os Canibais, The Bubbles, Os Brasas e uma enxurrada de nomes com o mesmo teor musical. Até mesmo os Mutantes eram fãs fervorosos dos Beatles e haviam feito suas primeiras aparições na TV interpretando alguns sucessos dos quatro cabeludos. Outro grande nome da época que absorveu a beatlemania foi Ronnie Von, que gravou uma versão de "Girl", que virou "Meu Bem". Ronnie Von era os quatro beatles em um só pessoa e subiu aos palcos pela primeira vez graças a Brazilian Bitles. Mas essa história fica para a outra oportunidade. Hoje é dia de lembrarmos o início do fenômeno Beatles na América.


          


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